segunda-feira, 12 de setembro de 2005

ACONTECE


@ Já vai a meio a edição de 2005 do MidelAct, cada vez mais prestigiado e, diga-se de passagem, merecidamente. De ano para ano, o único festival de teatro de Cabo Verde ganha mais visibilidade, qualidade e apreço do público. O evento tem crescido bem e começa a ramificar as actividades que oferece a outras vertentes que não só a exibição das peças teatrais. Por exemplo, este ano, o MindelAct envolve também uma mostra fotográfica cuja temática são as peças exibidas em anteriores edições.
Tenho pena de não poder lá estar e, mais ainda, de que não se faça nada parecido cá na Praia. Aliás, porque não trazer o MindelAct um dia destes á Praia? Sim, uma visita...
Temos que dar mão á palmatória de que o teatro em Santiago está a léguas do que se faz em São Vicente. Continuamos a insistir em teatro com temática social ( peças pedagógicas sobre alcoolismo, sida, droga,etc) e que, obrigatoriamente, tem que resvalar para a comédia, para assim agradar ao público. Mas, felizmente, este estado de coisas parece estar a mudar com o surgimento de novos grupos de teatro que começam a apostar numa nova abordagem. Contudo, daí até ter grupos internacionais a actuar aqui...



@ Como tinha prometido, deixo aqui o meu comentário a Equador, o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares. Talvez mesmo por ser o primeiro, MST não se arrisca muito no que se refere á escrita em sí. Não temos em Equador nenhum rasgo de génio, nenhuma técnica original que deixe marcas e crie escola. Mas a estória compensa. A riqueza da discrição espácio-temporal e a composição dos personagens, provavelmente frutos da intensa investigação da época retratada, consegue nos transportar e agarrar a uma estória que do principio ao fim nos deixa um travo amargo na alma mas da qual não nos conseguimos desprender até ao fim. Um fim, diga-se, que faz lembrar exactamente os romances trágicos e fatalistas do Romatismo português.
Gostei de Equador. Lê-se bem. Mas, arriscando-me a ser "crucificada", palpita-me que daqui a três anos não me vou lembrar deste livro, assim, sem nada que mo faça lembrar...percebem o que quero dizer?



@ Na Holanda, discute-se a estreia de um novo reality show onde um casal de lésbicas irá escolher o doador de esperma ideial para engravidar a "mãe de aluguer" por elas contratada.
Em Portugal, a SIC prepara-se para estreiar um programa que transformará homens casados em travestis.A mesma SIC, apresentou em directo a implosão de duas torres em Tróia, estragando várias camaras para conseguir diferentes angulos e planos da destruição.
E assim vai a televisão pelo mundo.Pergunto-me, é o público que está sedento deste tipo de conteúdos (respondendo as televisões aos seus anseios), ou são estes os conteúdos que as televisões lhe impõe (criando neste hábitos e exigências de gosto duvidoso)?

3 comentários:

M.J.Marmelo disse...

Gostei do teu blog, Kamia, particularmente do que escreves sobre o "Equador".
E, cá entre nós, também gostei muito da tua ilha, da estrada entre a Praia e o Tarrafal, dos cheiros e das cores dos mercados, do ambiente da praia de Quebra Canela.
Espero que, um dia, possas conhecer também a minha cidade, na qual as ilhas, ao invés do que aí sucede, não estão povoadas por cidades, mas é antes a cidade que está povoada por ilhas.

http://planeta.ip.pt/~ip202503/marmelo.html

www.marmelo.blogspot.com

Kamia disse...

Olá Manuel.Fico contente que tenhas gostado do meu "SoPaFla" (Só Para Dizer, em criolo). Contente por teres gostado de Santiago, a pesar de tudo. Eu estou justamente a passar und dias no Tarrafal e tens razão quanto ao percurso até aqui (é lindo, não?).
Fui espreitar o teu blog e parece-me que ainda estás por cá, mas na ilha do sal, não?

M.J.Marmelo disse...

Não. Estive em Julho e por pouco tempo. Infelizmente.
E não gostei de Santiago "apesar de tudo". Gostei mesmo. Das três ilhas que visitei, foi aquela cuja geografia mais me tocou. A Praia não é uma cidade bonita, mas a ilha é belíssima. E o ambiente na praia de Quebra Canela é muito engraçado. Passei lá uma tarde e adorei.
No Tarrafal comi sopa loron e a incontornável cachupa. Ambas de chorar por mais.