segunda-feira, 10 de outubro de 2005

PECADOS DE UNS E OUTROS



@ SIN CITY. Vi há dias o filme de Robert Rodriguez.Á primeira não me convenceu totalmente. Tive que ver mais vezes para me render.É, para já, uma das adaptações mais fiéis de banda desenhada (Sin City de Frank Miller) que se tem visto nesta onda de adaptações de Comics que tem varrido Hollywood. Mas, deixando de lado a comparação com a BD que deu origem ao filme (de que aliás não sou grande conhecedora), Sin City é um regalo para os olhos.Toda a imagética do filme, apostando num cromatismo raramente visto nas telas, marca inegavelmente o juízo que fazemos do filme. Quero dizer,se o filme não tivesse apostado naqueles efeitos visuais, teria muito a perder. Mas, independentemente da força que esse cromatismo e outros efeitos visuais dão ao filme, a forma como este se desenrola também me agradou.Faz lembrar um pouco os clássicos filmes noir dos anos 30/40, com dectetives durões e gangsters sinistros. Sin City é pura banda desenhada em movimento. Está lá tudo: os monólogos interiores dos heróis durões (Hartigan, Marv e Dwigth),heroínas cheias de curvas, os diálogos marcados, os vilões absurdamente poderosos (os Roarks) e os vilões freaks (Kevin, Jacky-Boy e Yellow Bastard), os nomes emblemáticos dos personagens... e depois há o negrume da Sin City, a puxar um pouco pela Gotham City de Tim Burton (Batman, e Batman Regressa), o que não admira pois Frank Miller foi autor da BD Batman durante alguns anos. É um filme para quem gosta de BD's negras. E há outra coisa: eu nunca poderei desgostar de algo a que o nome de Quentin Tarantino esteja associado! Ele participou como realizador convidado e rodou uma das cenas da película. Com tanto sangue e vísceras a jorrar pelas ruas de Sin City, não me admira nada que o realizador de Kill Bill tenha simpatizado com o projecto.



@ INTOCÁVEL. Há coisas por aqui que são quase que intocavéis,de que não se pode dizer mal, tal é a aura de perfeição que as envolve. Mas eu vou arriscar. Longe de mim dizer que A Semana não é um bom jornal. Mas acredito que é sobrevalorizado. Tenho a forte impressão que ultimamente o semanário mais bem sucedido destas ilhas está a resvalar para o sensacionalismo, criando ou procurando criar polémica onde ela não existe.Uma manchete chamativa vende. Mas de que vale imagens chamativas e títulos garrafais a anunciar a polémica se quando se vai ver a reportagem o conteúdo deixa a desejar a todos os níveis.
E agora é a moda dos títulos/chavões em criolo de Santiago. Há tempos foi " Mo na mi faca na nhôs", . A semana passada " Mau pa filme". Que se segue? "Dja ca dá"? "Ca tem tadju"? Acho de mau gosto recorrer a esse tipo de gíria popular e, ainda por cima, tem que se ter em conta que A Semana é um jornal nacional, que se lê em todas as ilhas (e também no exterior). Mas o criolo usado é o de Santiago. Ora aí está um exemplo de como isso da oficialização do criolo vai dar pano para manga. Porque devagarinho-devagarinho já se vai notando que é o criolo badiu que vai se vai impor.É só ver os cartazes de comemoração dos 30 anos da nossa independência que ainda continuam pendurados. O slogan é Kabo Verdi nos orgulhu nos sertéza. Não me parece que se escreve da mesma maneira em crioulo de Santo Antão, Boa Vista ou Brava, por exemplo. Mas pode ser que A Semana, o Governo e outros que tais, tenham já dicidido que o seu criolo "oficial" é o falado e escrito em Santiago.Aí...

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá, eu só queria te pedir, para que no teu ´róximo blog não te esquecer do novo prémio nóbel da literatura (Harold Pinter).
força, José Filipe.

Anónimo disse...

N´obi ta fla ma criolo ki sta ba xinadu na scolas é só kel di Santiago ku SonCente. Assim não pode, assim não dá!

Anónimo disse...

Concordo,A Semana é um bom jornal mas as suas manchetes estão mais para um tablóide do que para um jornal sério.

Teka.

Kamia disse...

Obrigada pelos comentários, ppl.