segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

FÉRIAS INTERROMPIDAS

Interrompo as férias do SoPaFla porque não resisto a alguns comentários neste dia seguinte á vitória eleitoral do PAICV. Só Deus sabe o que me custou manter o silêncio durante a campanha, e tanto havia para comentar! Que saudades vou ter de ver e ouvir João Além! Pena que agora ele vai "desaparecer" por cinco anos...
Pois bem, já estamos no dia seguinte, já é dado adquirido a maioria absoluta que os cabo-verdianos deram aos "tambarinas" para continuarem a trabalhar por Cabo Verde. E se é certo que os casos pontuais, ocorridos aquém e além, não foram suficientes para manchar estas eleições, resultando na repetição ad nauseam da afirmação da maturidade política dos caboverdianos, não deixa de ser preocupante que estes cabo-verdianos maduros tenham, em grande parte, evitado as urnas. Sim, a taxa de abstenção, na minha opinião, é desanimadora para uma democracia tão jovem. E é sobretudo um sinal aos partidos políticos de que alguma coisa nas suas estratégias e politicas terá que mudar. A alta taxa de abstenção teve várias razões mais esta: muitos caboverdianos não se revêm em nenhum dos partidos políticos concorrentes. Ouvi-o de vários amigos e colegas meus, pessoas nas ruas, etc: " não vou votar em nenhum destes partidos".
Estamos em democracia e se a opção consciente é de não votar há que respeitar. Mas não deixa de ser preocupante que este número de "orfãos" de partidos esteja a aumentar consideravelmente.
Mesmo assim, é um facto que o povo cabo-verdiano está cada vez mais á vontade com o processo eleitoral e mai tolerante perante as diferanças de opção política. No entanto, a desconfiança, as mentiras e acusações infundadas de partidos e militantes uns aos outros continua a ser prática comum.
Entre acusações de parte a parte, chegou-se ao fim da novela que foi a campanha eleitoral e as eleições. A TCV, em emissão especial, diz ter acompanhado(?) as eleições mas na verdade tratou-se mais de um debate sobre a campanha encerrada no dia 20 do que acompanhamento das eleições. Ainda assim houve boas presenças em estúdio e outras nem por isso. Eu, que tinha um olho posto na TCV e outro na RTP África a acompanhar as presidenciais em Portugal, tenho uma dica para a Rosana Almeida: PONHA OS OLHOS NA JUDITE DE SOUSA! Aquilo sim chama-se mediar intervenções. Rosana entre os seus convidados não é uma mediadora, é uma adversária agressiva de cada um deles (de uns mais do que de outros, diga-se).
E muito mais haveria para comentar mas, para já, fico por aqui. Aliás, só mais uma coisinha: é uma pena que a Visão (online), revista portuguesa, só tenha noticiado as eleições em Cabo Verde para destacar ( e mal) as declarações de José Maria Neves sobre o possivel financimento de compra de votos pelo crime organizado. Nenhuma nota sobre o civismo, nenhuma nota sobre as surpresas das eleições ( os dois deputados eleitos pela UCID), nenhuma nota sobre as votações dos emigrantes cabo-verdianos em Portugal. Não, só o que interessa é a polémica,a notícia quente, o escândalo. É o que tenho dito. A Visão faz bom jornalismo. Pena que insista em fazer bom jornalismo só sobre "coisas más". Pelo menos no que toca aos PALOP. So pa fla...

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