quarta-feira, 8 de março de 2006

Ainda os Óscar

O facto de eu ter acertado em todas as previsões quanto aos vencedores dos Óscar - menos a categoria Melhor Filme - não é tão supreedente assim. Primeiro porque eu só apostei nas principais categorias e depois porque, levando-se em conta a lógica hollywoodiana torna-se tudo muito óbvio. Então vou desmontar o meu quase royal flush:
Dos candidatos a Melhor Realizador os únicos que faziam sombra a Ang Lee eram Steven Spielberg e Paul Haggis. George Clooney ainda é demasiado novato nestas lides e concorria também como actor secundário e argumentista. Quanto a Bennet Miller, Capote não é um filme tão brilhante assim, valendo mais pela interpretação de Philippe Seymor Hoffman, como muitas vezes acontece com os biopics (filmes biográficos). Steven Spielberg já tem duas estatuetas e Munich ( a pesar de ser um belo filme) teve uma recepção morna pela crítica e público. Restava Paul Haggis que tem o mesmo problema de George Clooney: ainda é novato na realização. Equiparando-o a Ang Lee, sairia logicamente a perder porque a Academia não consegue evitar olhar para o conjunto da obra dos candidatos e Ang Lee já tinha sido nomeado pelo belo O Tigre e o Dragão e tem uma longa e respeitável bagagem.
Philippe Seymor Hoffman sempre foi muito elogiado pelos seus desempenhos mas nunca nomeado.Essa era a oportunidade certa para se premiar um trabalho irrepreensivel. Os outros candidatos a Melhor Actor ou eram demasiado jovens (e portanto facilmente terão mais chances de ser outra vez nomeados no futuro) ou semi-desconhecidos (caso do David Stratheirn e Terence Howard).
Quanto á Melhor Actriz, a Academia gosta de premiar actrizes jovens - se for loira aumentam as chances:) -. Isso descarta Judi Dench que, ainda por cima, já tem um Oscar no curriculo. O mesmo acontece com Charlize Theron cujo desempenho em Terra Fria não teve tanto impacto como o de Monster. Keira Knightley só foi nomeada para preencher a lista de cinco candidatas. A real adversária de Reese Whiterspoon era Felicity Huffman. As duas tiveram interpretações fantásticas mas o filme de Reese tinha mais peso (nomeado em mais quatro categorias). E ela é mais conhecida do público cinematográfico. Felicity veio da televisão.
Nos secundários, George Clooney, um self made man, workaholic incansável de Hollywood tinha que levar uma estatueta de melhor Actor Secundário, para casa nomeado que estava em tres categorias. Além disso, tem o papel da sua vida em Syriana e o único que lhe fazia sombra era Matt Dillon ( Jake Gyllenhaal - primeiro tiro certeiro; Paul Giamatti - Cinderella Man não gerou grandes paixões; William Hurt - não tem o star power de Clooney). Mas Matt Dillon é menos simpático à Academia do que George Clooney e o seu filme (Colisão) já tinha outros prémios reservados.
Na ala feminina acontecia um pouco o mesmo: a única fazer concorrência a Rachel Weisz era Michelle Williams. Porém O Fiel Jardineiro, considerado um dos grandes filmes do ano mas esquecido nas nomeações, tinha que levar alguma coisa e muitos diziam que Rachel inclusive devia estar nomeada como Melhor Actriz e não como Melhor Actriz Secundária. Contra Michelle Williams pesou ainda o facto da sua interpretação em Brockeback Mountain só durar escassos minutos e Rachel é mais bonita :).
Na categoria dos argumentos era mais fácil: os dois grandes filmes concorrentes estavam cada um no seu campo e cada um levou o seu. Colisão tinha concorrência forte de Match Point e Boa Noite e Boa Sorte para Melhor Argumento Original e Brockeback Mountain de Munique para Melhor Argumento Adapatado, mas eram os dois filmes com maior número de indicações e a Academia gosta de dar várias estatuetas aos filmes mais nomeados. Além do mais, mereciam pelos excelentes roteiros, já premaidos em outros festivais e prémios de cinema.
Quando apostei em Brockeback Mountain para Melhor Filme ainda pensei que poderia ganhar Colisão se os membros da Academia tivessem um ataque de pudor e se recusassem a dar o Óscar de melhor filme a uma película pró-homossexuais. Mas depois pensei que eles adoram parecer liberais e dar o prémio a Brockeback seria a cereja a coroar o bolo (depois de tantos prémios). Não me lembrei do elemento surpresa que eles gostam de introduzir e voilá: ganhou Colisão e não ganhou mal.

1 comentário:

Anónimo disse...

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