sexta-feira, 16 de junho de 2006

Debate em criolo/Criolo em debate

Há dias o ministro da cultura Manuel Veiga esteve na universidade, para o encerramento do nosso Seminário de Criolo. Foi uma conversa informal, sobre criolo e em criolo.
O ministro fez a esperada defesa da oficialização do criolo e fiquei a saber que é dele a proposta de no ensino se adoptar apenas duas variantes, as de Santiago e São Vicente.
Foi-nos permitido intervir e eu, entre outras coisas, manifestei a minha opinião (já aqui exposta) de que não concordo com essa ideia de se impor às outras ilhas o criolo de Santiago e S. Vicente. Disse também que, por ser esta questão da Lingua Cabo-verdiana algo que nos diz respeito a todos, e sendo Cabo Verde um país tão orgulhoso da sua democracia, dever-se-ia por uma vez fazer uso do referendo nacional, para que o povo de cada ilha decida que criolo os seus filhos devem aprender nas escolas.
Um colega meu, indo pelo caminho inverso, defendeu a imposição, pela força mesmo (não fisica), de uma só variante do criolo, para acabar de vez com a discussão.
Perguntei-lhe: " se for escolhido o criolo do Fogo para essa imposição, aceitas sem problemas?" Ao que ele explodiu: "Ná, credo!". Pois é...ele, badiu de Assomada, já tinha em mente a variante de Santiago quando fez a sua proposta.
Ah! Perante a minha supracitada opinião, o ministro perguntou-me de onde sou eu. Parece que o meu criolo de Santiago não pesou mais do que a minha recusa de ceder a bairrismos. Mas lá respondi-lhe, bem-humorada: Ami é di li, n'ta mora li!*
*Este é o slogan do programa Casa da Cultura da TCV, que vários artistas e figuras públicas aparecem a dizer, inclusive o ministro Manuel Veiga.

1 comentário:

criolinha disse...

Oi miga... é de facto um grande problema :>(
Não haverá a possibilidade de se "construir" um criolo que seja uma união das várias variantes? Como tu dizes e bem, é um assunto demasiado importante para se ceder caminho a bairrismos.
Na minha opinião, como outsider, acho que deveria haver um só criolo porque então teria de colocar-se a questão: Qual o limite sabendo nós que quase cada terra tem o seu criolo?

Mas eu sou só cauverdiana de coração... nem falo criolo! ;>)