terça-feira, 26 de setembro de 2006

Apontamentos

1. António Mascarenhas Monteiro voltou atrás e, perante reservas de certas potências com interesses em Timor-Leste à sua nomeação, declinou o convite para ser o representante da ONU naquele território.
Especula-se que ele referia-se à Austrália que, é certo, tem mantido para com Timor uma atitude quase que de nova potência colonizadora.
A imprensa portuguesa - pelo menos as edições online - quase que não se referiu nem à nomeação, nem à recusa de Mascarenhas Monteiro. Excepção feita a alguns poucos, entre eles o Jornal de Noticias , jornais e televisões importantes nem uma linha escreveram sobre o assunto. Inclusive no Expresso, que tem uma secção especialmente dedicada a África Lusófona, a última notícia refrente a Cabo Verde data de Junho. A Sic online preferiu destacar um artigo sobre o festival de Santa Maria onde, entre outras coisas, a escriba conclui que "A música ali tem outro sabor, como se mais nada chegasse àquelas gentes de Santa Maria. E a verdade, é que deve ser mesmo assim...." .

2. Aproximamo-nos do final de 2006 e as autárquicas de 2008 já mexem. Pela troca de palavras entre Felisberto Vieira e Ulisses Correia e Silva na comunicação social, adivinha-se que os dois pretendem candidatar-se á Camara da Praia.
Ulisses Correia e Silva só aparece quando o "circo está a pegar fogo" e é quase com satisfação que aponta as queimadas.
Agora, a estratégia adoptada por Felisberto Vieira e José Maria Neves, de rebater as críticas pela situação de Praia citando algumas das obras feitas, é fraca. Mesmo porque algumas das obras citadas são do Governo e não da Câmara Municipal. Até parece que estão a dizer que vai dar tudo ao mesmo.
De qualquer maneira, não há porque deitarmo-nos à sombra do que já se fez quando ainda há mais que fazer.

4 comentários:

M.J.Marmelo disse...

Tens razão, Kamia. Portugal ignorou olimpicamente a nomeação. Mas também é verdade que o principal jornal da RTP 1 passou ontem uma peça sobre a recusa, já perto do fim.

Anónimo disse...

Kamia,

Mascarenhas Monteiro, uma vez mais, mostrou dignidade e sentido de Estado. Há sectores muitos bem localizados na governação timorense, aliados aos australianos (do petróleo, gaz natural e posição geoestratégica) e afins, que iriam boicotar o trabalho desse estadista.

Naturalmente que alguma imprensa se escusa de fazer levantamentos mais profundos. Afinal, há notícias que não interessam.

O silêncio, acima de tudo.

Kamia disse...

Jorge, foi o que eu disse: o grosso dos media ignoraram, não todos.

Filinto, o meu interesse em fazer notar o silencio da media portugueses é estabelecer o contraste. Nós bem sabemos que se fosse o contrário todos os orgãos de comunicação de Cabo Verde comentariam exaustivamente o assunto.Não é?

Kamia disse...

Queria dizer dos média portugueses.