segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Essas Mulheres


Essas mulheres eu as vejo quando passo. Por vezes apenas olho para elas. Outras vezes, eu as vejo.
Essas mulheres são vendedeiras. Carregam banheiras com coisas dentro,para vender por quem elas passam. Ou sentam-se junto a tabuleiros,para vender a quem por elas passa. Estão nas ruas da cidade essas mulheres. Nas esquinas, nos passeios, nas paragens de autocarro. Umas andam pela cidade, banheira na cebeça, freguesa nha cumpra. Outras deixam-se ficar, sentadas no seu lugar cativo, eternamente marcado como seu,e quedam-se silenciosas.
Banheira de lápis, cadernos, borrachas e livros, que o ano lectivo começou. Tabuleiros de drops, xuínga, mancarra e rapuçada que os meninos da escola já aí estão. Banheiras de bananas, tomates, batatas e feijão porque azágua deste ano foi boa. Tabuleiros de milho fervido, doce de coco e de azedinha porque cusas dja começa da.
Essas mulheres falam alto, riem alto. Contam ás amigas e ao mundo as suas vidas. São mães e por vezes têm os filhos ao pé, outras vezes são os filhos que tomam conta do negócio das mães, ausentes noutras tarefas .
Ás vezes passo por estas mulheres e olho para elas. Outras vezes eu as vejo.
Na paragem de autocarro a mulher vende pipocas. É hora de saída na escola mais próxima e as crianças fazem fila junto à máquina de pipocas doce. Riem, falam alto, acotovelam-se,felizes. A mulher enche os saquinhos de pipoca doce e tem na face uma expressão salgada. Está cansada de mais um dia de calor, numa rua da cidade, à espera que quem passe leve um saquinho de pipocas para que ela possa levar o jantar aos filhos.
*Imagem: tela de Djon Brito.

1 comentário:

Kamia disse...

obrigada. Volte sempre.