terça-feira, 24 de outubro de 2006

Musika di Tera

Sexta-feira à noite, os praienses foram brindados com dois concertos protagonizados por mulheres. O primeiro, no Auditório Jorge Barbosa, comemorava o dia da cultura nacional pela voz de Isa Pereira. O segundo, era uma homenagem de Nancy Vieira, Ritinha Lobo, Jennifer e Jerusa a Ildo Lobo, no Tabanka Mar.
Gostei muito do concerto de Isa Pereira, intimista, pleno de entusiasmo (da intérprete e do público) e espontaneidade. Isa quis casar várias expressõs artisticas e penso que o conseguiu, sem muito aparato, antes de forma singela: no entrada do auditório estava patente uma exposição de pintura, durante o espectáculo, Isa leu um poema e Eugénio Tavares e, enquanto cantava, Manu Preto dançava alguns dos temas por trás de uma tela.
Artes plásticas, literatura, dança e música... se é verdade que a música é a bandeira da nossa cultura, Isa apresentou uma paleta de sons que incluiu desde batuku, tabanka, funaná, morna, coladeira, colá e também reggae e música brasileira.
Isa esteve bem acompanhada, destacando-se no grupo de músicos, o seu irmão Valdo (cuja interpretação da versão reggae de Fomi 47 arrancou aplausos entusiasmados da plateia, merecidamente diga-se) e, claro, Ricardo de Deus, esse talento que não para de surpreender.
Bons momentos para guardar.
No Tabanka Mar, infelizmente, Nancy Vieira e companhia não brilharam tanto quanto podiam. E a culpa não é delas - longe disso. O espaço, claramente, não suporta todo o tipo de actuações. Cheio até dizer chega, não se conseguia ouvir as artistas e os seus músicos, nas condições que o seu talento exigia. Dificuldades técnicas também, pregaram partidas ás cantoras frustrando muita gente do público.
Daquilo que consegui ouvir, Jennifer continua a maltratar a sua garganta e a subaproveitar a sua soberba voz. Jerusa parece ter jazz na alma e merece oportunidade melhor para mostrar o que vale. Não ouvi Rita Lobo.Não fiquei até ao fim, incomodada por ver maltratado o talento de Nancy Vieira - de quem sou grande admiradora e cuja interpretação de uma morna que me arrepia ( É Morna, de quem é esse tema?) me comoveu.
Ainda assim, foi bom ver tanta gente a acorrer para ouvir a nossa música, ainda que muitos dos que circulam por estes eventos vão mais para se mostrarem do que para verem e ouvirem.

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