quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Books

Sexta-feira passada (e também esta segunda e terça, parece-me) a Embaixada dos EUA esteve a doar livros do seu acervo. Eu fui até lá ( um armazém na Achada Grande) e no meio das muitas dezenas de caixas consegui um par de livros jeitosos: um sobre técnicas de redação, um livro de mesa com belas fotografias e textos poéticos, um livro de receitas do Mezzo Restaurant (considerado um dos melhores de Londres) que tem umas fotografias inspiradoras e alguma ficção (Mary Higgins Clark, Stephen King...).
A melhor parte - desculpem-me a falta de modéstia but... - é que confirmei que o meu nível de compreensão do inglês está cada vez melhor (tendo já despachado um dos livros de ficção em dois tempos). Também a expressão oral, graças às minhas conversas com o inglês do Palmarejo, tem melhorado consideravelmente. Quem dera que o meu francês estivesse nesse nivel, está a ganhar teias de aranha.
Antes de ler o Crunch Time tinha me deleitado com o negrume da escrita de Italo Svevo. Senilidade é o primeiro livro do autor que leio. Não tenho lido muitos autores italianos na vida. Ele escreveu o livro em 1898, pagando a edição do seu bolso. Na altura, ninguem ligou nenhuma ao livro até James Joyce ter lido as obras de Svevo e percebido o que ali estava. E o que lá estava, entre outras coisas era isso:
"Beijavam-se demoradamente, a cidade a seus pés, muda, morta, como o mar, que lá de cima nada mais era senão uma grande extensão de cor misteriosa, indistinta: e na imobilidade e no silêncio, a cidade, o mar e as colinas pareciam formar um único todo, a mesma matéria moldada e pintada por um artista excêntrico, dividida e cortada por linhas formadas por pontinhos amarelos, as luzes das ruas.
A luz da lua não lhes alterava a cor. Os objectos, cujos contornos se tornavam mais nítidos, não se iluminavam, velavam-se de luz. Pairava sobre eles uma luz branca e imóvel, mas por baixo a cor dormia, entorpecida, fosca, e até no mar, que agora deixava entrever o seu eterno movimento, brincando com os reflexos prateados à sua superfície, a cor se calava, adormecida. "

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