quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Ricardo In Love

O meu irriquieto sobrinho Ricardo, de cinco anos, há dois meses atrás não suportava qualquer gracinha que tentassemos fazer sobre as suas relações com meninas, dizendo-lhe que ele gostava de tal, ou era namorado de fulana. Zangava-se mesmo.
Isso era há dois meses. Desde há uns tempos para cá, Ricardo não tem outra conversa que não namoros, beijos, amor. Sim, amor!
Penso que tudo terá começado quando foi escolhido para principe do carnaval da sua escolinha. Claro que também foi escolhida uma princesa. Daí ao "namoro" entre as duas realezas foi um passo.
Pelo São Valentim, lá tive que fazer um cartão romântico que ele queria oferecer á sua princesa. Nesse dia voltou á casa eufórico. Que a menina tinha agradecido ao cartão com um beijo. Na boca, fez ele questão de sublinhar. E tinha lhe oferecido também um cartão.
Desde então, não se passava um dia sem novidades sobre o "namoro". Mas, passado o carnaval, e tendo o principe perdido a sua coroa, a princesa resolveu por fim ao romance.
A coisa parece estar a mexer com o miúdo. Ontem, enquanto se entretinha ao computador, deixou escapar, quase num suspiro: o amor acabou.

Apostas Falhadas

Pois é, como eu bem avisei, este ano as minhas apostas não foram tão certeiras. Tanto pela maior imprivisibilidade dos prémios como pelo facto de eu não ter estado tão por dentro dos vários prémios de cinema pré-oscares.
Errei na aposta para Melhor Filme (como no ano passado), Melhor Actor e Melhor Argumento Original. Acertei nas categorias de Melhor Realizador, Melhor Actriz, Melhor Actor Secundário, Melhor Actriz Secundária e Melhor Argumento Adaptado: 3 - 5... nada mau.
De resto parece que este ano houve mesmo muitas surpresas, como o tal ignore a que a Academia votou Dreamgirls, o filme mais nomeado que nem sequer ganhou um único Óscar para Música (estava nomeado em oito categorias, três delas musicais).
Claro que fiquei satisfeita por Scorsese finalmente ter recebido um Óscar e achei bonito que o recebesse das mãos de Steven Spielberg, Francis Ford Coppola e George Lucas, cineastas da sua geração, com quem marcou uma importante viragem no cinema americano, apartir dos meados da década de setenta.
Gostei também que este ano os Óscars dessem um relevo especial ao exercicio da escrita para cinema, quer a escrita de scripts originais, quer a adaptação. A homenagem foi destacada mesmo no cartaz oficial da cerimónia, com frases emblemáticas de vários filmes. Muito criativo.

Bem, em Maio teremos Cannes. Até lá, vejamos filmes. Premiados ou não premiados.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Aposta ao Óscar

Alguem comentou que este ano não fiz comentário nenhum oas prémios de cinema. E vero, passou a Berlinale, os BAFTA, os Globos de Ouro, as nomeações ao Óscar... Bem, ainda vou a tempo de fazer a minha aposta, apesar deste ano as coisas estrem bem mais imprevisiveis lá na cidade do cinema.
Melhor Filme - Babel
Melhor Realizador - Martin Scorsese ( The Departed ,se houver justiça no mundo)
Melhor Actor - Peter O'Toole (Vénus - esta é a minha aposta menos segura)
Melhor Actriz - Helen Mirren (A Rainha)
Melhor Actor Secundário - Alan Arkin (Little Miss Sunshine)
Melhor Actriz Secundária - Jenifer Hudson (Dreamgirls)
Melhor Argumento Original - A Rainha ou Cartas de Iwo Jima
Melhor Argumento Adaptado - The Departed
Mas este ano não estou muito segura das minhas apostas. Como disse antes, vai ser uma das cerimónias do Óscar mais imprevisivel dos ultimos anos.

Sexta Feira Ociosa

Acorda às 9 da manhã e adiciona cafeína à energia com que já acordou. Faz a lida da casa ao som da compilação Rock Songs. Queen, Rolling Stones, Prince, David Bowie e os outros rapazes soltam a adrenalina e desse lado a vassoura faz as vezes da guitarra. A doméstica rock star berra we will, we will rock you.
O resto da manha senta-se ao computador e escreve um episódio passado no seu inacreditável Autocarro 10 e outros blá blá blás. À tarde vê dois filmes de uma sentada. Sente vontade de embarcar para Hollywood e declarar-se a Eric Bana, aquele rapaz de olhos tristes que também já foi o Hulk mas é muito mais. Faz as unhas, faz de baby sitter ao sobrinho e com ele se ri a ver o Sitio do Picapau Amarelo.
Á noite ouve miúdos franceses a tocar Jazz (benza-os Deus, so teens mas já com um talento!) e pensa que, depois do violino e do piano de caudas, gostaria de aprender a tocar contra-baixo. Janta uns búzios deliciosos, ri (e medita) com a conversa gritada porque a música tocada ao vivo tem o volume mais apropriado a um show na Gamboa.
No fim da noite, à porta de casa, o seu colar favorito parte e as continhas azul turquesa inundam a calçada. Cata algumas e decide deixar o resto para o dia seguinte. Sobe ao seu andar mas pensa no quanto adora o colar e em quantos miúdos aquela rua tem. Miúdos que no dia seguinte vão acordar primeiro do que ela. Então desce outra vez e na madrugada fria cata as contas uma a uma para depois reconstruir o colar. Pensa que deve parecer meio maluca, ali, a meio da noite a catar contas nos buracos da calçada. So what, há coisas piores.
Antes de dormir, escreve no diário que gostaria de poder ser tão determinada e perseverante com outras coisas como foi ao recuperar as contas para refazer o seu colar. Deveria, por exemplo, recuperar alguns afectos em cacos e reconstruir amizades. Mas os afectos não são contas azul turquesa. E ela, quando perde o afecto por alguem, dificelmente o recupera.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Round Up The Usual Suspects (?)

Até já nem lembro o número. Não importa. Também não importa se não há tempo para visitar todos de uma vez.
Deu para ver que o Pedra Bika e os Momentos têm new look. Que o Soncent fez anos (parabéns! atrasados mas são snceros os votos de muitos mais anos), que o Tempo dos Lobos está quase que totalmente e fabulosamente cinematográfico. Que a Rosário continua a juntar no Impressões e Intimidades textos interessantes e belas fotos.Que o Nos Media continua em cima dos acontecimentos, analisando com a intelegência de sempre o mundo da comunicação social. E por aí...
Tinha saudades. E...coisa estranha, ando a sentir-me como quem esteve fora, em viagem e agora regressa e vai á casa dos amigos e vizinhos saber das novidades.

Cortejos

Era tarde de Domingo. O cortejo seguia pela avenida. Começava a contornar a rotunda junto ao estádio da Várzea. Era o carnaval dos miúdos do jardim infantil. Olha a cabeleira do Zézé, balões, realeza no andor, fitas coloridas, odaliscas e samurais. E então, do outro lado da avenida aparece outro cortejo. Fúnebre. Passa a comitiva a caminho do cemitério. Cala-se a música. Fecham-se os rostos.
No carro que leva caixão, uma mulher chora e olha para as meninas fadas e meninos camponeses. Os acompanhantes do enterro olham com curiosidade a comitiva carnavalesca que lhes devolve o olhar.
De um lado vinha o riso, do outro marchava a dor. É a vida. E a morte.