quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mil Palavras


Do Cinema


No seu derradeiro Último Plano - a crónica mensal que escrevia para a revista de cinema Premiére - João Lopes deixa transparecer a sua inquietação face a um cada vez mais visível declínio do Cinema como produto cultural a ser consumido.
Desta feita, João Lopes foca, não a ameaça da pirataria, e sim o comportamento do público consumidor de filmes, cada vez mais “preguiçoso” em termos de escolhas. Isto é, o público cada vez mais opta por filmes “lights”, rápidos e fáceis de degustar.

Eu interrogo-me até que ponto as distribuidoras não terão o seu quinhão de culpa no sucedido. Perante a negra crise de espectadores nos cinemas (que teve o seu pico em 2005), o que fizeram as distribuidoras em Portugal e em quase todo o lado? Aumentaram a aquisição de filmes marcadamente comerciais (blockbusters tipo Transformers e Spiderman, comédias de trazer por casa e afins) que assim passaram a ocupar um maior número de salas. Os filmes de autor, independentes e “estrangeiros” (ou seja, não americanos) foram relegados a meia dúzia de salas, ficando ainda em exibição por um curto período de tempo.

Juntando isso a
este artigo da revista Bravo, que li há algumas semanas e que se sita em Os Momentos, dou por mim sentindo uma incontrolável nostalgia.
Esses realizadores apontados como os novos autores, onde e como serão vistos os seus filmes? Em iPods, triPods e DVDs piratas? E os velhos autores? Eles partiram mas os seus filmes são imortais. Serão as suas obras (ainda mais) marginalizadas e empurradas para escuras catacumbas frequentadas por cinéfilos considerados freaks por preterirem "300s" e "Horas de Ponta" em favor a filmes de Michael Haneke, Quentin Tarantino, Terrence Mallick ou Emir Kusturica?

Caramba, e aplicar isso tudo a Cabo Verde? Bem aí a premissa que deu origem a este texto teria que ser totalmente alterada pois aqui o público não está a tornar-se fútil nas suas escolhas, passando a consumir filmes meramente entertainers. O verbo muda para é.


E antes que alguem venha com duas pedras, estou a falar do grosso do público e não da totalidade. Como em tudo, há excepções.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Urbanidades

Sábado, entre as 12h e as 12h30. Chego à paragem de autocarro junto à esquadra policial do Palmarejo, a última antes de se sair do Palmarejo. Na paragem estão cerca de dez pessoas que se precipitam para o Autocarro 10, acabado de chegar. O autocarro não está completamente cheio mas, com o número de pessoas que entram naquele momento, fica lotado pelo que nem tento entrar.
Dicido aguardar pelo próximo, que deverá estar a chegar. O controlador da Moura Company (que fica na paragem a dar instruções aos condutores quando estes chegam) deve ter calculado o mesmo e dá ordem ao motorista do autocarro abarrotado para aguardar.
Pouco depois, chega outro Autocarro 10 com cerca de oito passageiros sentados. O controlador faz sinal e o motorista manda descer os oito passageiros e indica-lhes o outro autocarro, superlotado. Eu, que já ia a caminho do autocarro semi-vazio paro, estupefacta, e fico a olhar com cara de idiota para os passageiros que descem, como se nada fosse, e correm a apertar-se no primeiro autocarro. Não resisto e interpelo algum deles:
- Mas voces vão mesmo descer?! Voces já pagaram os bilhetes, estavam bem instalados e vão descer para irem se meter ali, apertados como animais a caminho do matadouro?!
Ninguem me responde. A porta do autocarro fecha-se e há pessoas coladas aos vidros, braços que saem pela janela e até passageiros no colo de outros que vão sentados. O autocarro parte e eu fico lá sozinha com o controlador que, perante a minha cara (que deve transparecer a estupefacção e raiva que sinto) atira-me um sorrisinho sacana e triunfante.
Espero mais quinze minutos, até que chegue o autocarro que fora esvaziado, e que dera meia volta de regresso às ruas principais do Palmarejo. Vem outra vez semi-vazio e eu entro, já sabendo o que me espera. Mais cinco minutos parados á espera de encher outra vez. Pela janela lanço olhares faiscantes ao controlador. Não sei o que lhe dá que, pouco depois, manda seguir. O autocarro tem todos os lugares sentados ocupados e um par de pessoas de pé. Fico aliviada mas a remoer na capacidade que as pessoas têm de serem uns carneiros duma figa, passivos e sem amor próprio, para aceitarem ser tratadas como animais.
Que eu e mais duas pessoas reclamem, infelizmente, não vai adiantar de nada. O tal senhor Moura há de aparecer no jornal a lavar as mãos e a dizer que a culpa é dos condutores broncos e sem intrução. E os condutores analfabrutos vão continuar a meter gente nos autocarros como se fossem gado sem que ninguem se importe.E tudo isso nas barbas da polícia.

O dinheiro que eu gasto com táxis por mês - porque na cidade capital do país o único serviço de transportes públicos é uma bosta - já dava para comprar um carrinho usado ao fim de um ano. Um lindo carrinho...que eu ia espatifar em dois dias nas ruas esburacadas da Praia. A sério, aos fãs de desportos radicais eu recomendo vivamente a principal "avenida" do Plateau. Para além de buracos em toda a sua extensão também pode-se admirar pela janela os buracos nos passeios (isso quando não estão tão ocupados por vendedeiras que nem se pode ver um pedaço de passeio) e claro, o lixo nas bermas que confere um colorido tão especial, tão...
Caramba, para que estou eu aqui a cansar-me com isso? Por acaso alguma coisa vai mudar?
UPDATE
Sim! pelo menos no que toca ao estado das estradas parece que finalmente vai se fazer qualquer coisa. Foi com satisfação que fiquei a saber que na próxima semana vão arrancar as obras para a esfaltagem das outras vias principais da cidade que não foram contempladas na "primeira volta", Plateau inclusive (Av. Amilcar Cabral, suponho).
Bem, finalmente. Foi preciso a campanha eleitoral estar mesmo a porta para se mexerem mas...mais vale tarde do que nunca.

Sondagens

Fechou a sondagem dos blogues com o Son di Santiago a ficar em primeiro (45% dos votos) e o Nós Media e o Pedra Bika empatados no segundo. Parabéns Djinho.
Votaram onze pessoas. Mais do que eu esperava. E como já prometi, haverá uma sondagem mais completa até ao fim do ano.

Lancei uma nova sondagem, sobre as influências estrangeiras na música cabo-verdiana. Para votar basta clicar no circulo junto a uma das opções.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Finalmente Debate

Tenho seguido os comentários ao filme Cabo Verde, Nha Cretcheu na bloguesfera e fora dela. E embora tenha sido chamada ao assunto pelo Abraão ( a propósito, toda gente já deve estar cansada de me ouvir dizer que eu não me assumo como outra coisa que não seja cinéfila. Especialista? Quem me dera :) ), só agora dicidi participar na discussão online.
Primeiro devo dizer que agora sim, o Abraão escreveu um texto de opinião. Desde o inicio que eu me perguntava como é que o Abraão que tem capacidade de escrever bons textos tinha escrito um texto daqueles. Não se trata da opinião que ele tem do filme - ele é livre de gostar ou não - mas da maneira como ele a expôs; logo ele tão exigente e vigilante em relação à qualidade da obra dos outros.
Se por um lado concordo com ele quando deixa perceber que não alinha pela politica da defesa de tudo o que é feito por cabo-verdianos, independentemente da sua qualidade, por outro não posso deixar de lembrar ao Abraão que, com certeza os seus quadros de hoje não tem a mesma qualidade que os primeiros que ele fez. Não há outra maneira de se melhorar do que ir experimentando. E para saber o que tem que ser melhorado tem que se mostrar o trabalho feito. Agora, a maneira como se apontam as falhas, essa também, é importante.
Quanto à preocupaçaõ do Abraão em relação à imagem de Cabo Verde que o filme poderá levar para fora, eu não me preocuparia. Afinal sempre temos quem, volta e meia, vá lá fora mostrar o lado sofisticado de Cabo Verde, como é o caso do próprio Abraão.
Algo que o Tide disse me chamou a atenção: "Nos mentalidi di bairru, di konxi tudu algen, di sabi di vida di tudu algen ka ta dexanu entra na mundu sima sta."
Não sei se é exactamente isso que ele quis dizer mas eu interpretei como aquela mania bem cabo-verdiana de diminuir e receber com desconfiança o trabalho dos outros só porque o autor é "o fulano que mora aí na esquina ao lado" ou "sicrana com quem andei na escola".
Não estou a dizer isso aplicando ao caso em questão (o tal filme) e nem partindo do principio que é essa a atitude do Abrãao (creio que não). Estou a falar de uma atitude habitual de muitas pessoas que parecem valorizar mais uma obra quanto mais distante o autor estiver do seu quotidiano.
O meu comentário ao filme está no A Semana de hoje. Não é uma critica completa e inclusive gostaria de ter tido a oportunidade de ver o filme mais vezes (como faço quando escrevo criticas) para comentar com mais propriedade.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Interactividade

1.Confirma-se: muitas pessoas não vêm o template todo catita do blog. Vêm apenas uma página em branco com os posts todos tortos.
Vou ter que trocar e provavelmente vou ter que ficar-me por um dos templates básicos do blogger. Paxenxa.
2. Por razões que depois compreenderão não vou comentar aqui o filme Cabo Verde, Nha Cretcheu.
3. Este site votou o Nós Media do Silvino (embora não tenham acertado com o nome do blog) como o melhor de Cabo Verde, tendo ficado em 12ª lugar entre os blogues africanos. Parabéns ao Nós Média que é realmente um blog que soube manter a sua linha editorial continuando sempre interessante.
O Sopafla aparece na lista! Está em 7º lugar entre os 26 blogs Cabo-Verdianos que aparecem na lista. Estou estupefacta. Com toda a "incorreção política" dos ultimos tempos, macriadeza, abordagem de temas fúteis como séries de TV e homens bonitos...como é possível aparecer na lista?
Achei "engraçado" dizerem Top África, Cabo Verde e Timor. Como se não fossemos África...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Manutenção

O blog estava a precisar de alguma manutenção. Já fiz algumas mexidas: actualizei os links, embora ainda faltem alguns e lá abri os comentários outra vez, porque algumas pessoas me disseram que pelo mail não tinha a mesma piada.
Agora, descobri uma coisa: em alguns computadores o meu template não aparece. Isto é o meu blog aparece todo desconfigurado e sem template. Não sou expert em internetês mas acho que é porque o meu template não é dos básicos do blogger e talvez consoante o servidor ou alguma geringonça virtual ele seja visualizado normalmente ou não.
Será que vou ter que mudar o template outra vez? Ah não, gosto tanto deste! É elegante e incomum, não se parece com nenhum outro template.

Here i Go Again

Depois de algum tempo de paragem (god, eu não tinha me dado conta que se passara tanto tempo!) devido às férias, e principalmente à doença de manifestação periódica de que sofro, chamada Fastio de Internet (internetus nauseum, em latim) decidi que já era tempo de voltar às lides.
Assim, a pouco e pouco, fui me reaproximando do universo virtual: primeiro começei a entrar em alguns sites inofensivos (pouco viciantes) por alguns minutos, depois fui aumentando o tempo de estadia, a seguir abri os meus mails e li mensagens que durante meses aguardaram resposta, depois de algum tempo de mentalização respondi a algumas delas.
Recentemente já fui capaz de gastar mais tempo a navegar pelos sites da minha preferência, troquei mensagens de e-mail e até bati-papo no chat!
Hoje começa o derradeiro desafio: voltar à bloguesfera.
Fui a um conceituado médico especialista em Internetologia e psicovirtualogia e ele pouco mais fez do que confirmar o diagnóstico: eu realmente sofro de "episódios" de Fastio de Internet. A doença manifesta-se da seguinte maneira: durante meses eu mergulho intensamente no mundo da internet. Vicio-me em sites e blogs, posto frenicamente no meu blog, entro no meu correio eletrónico todos os dias e atropelo-me para responder a todas as mensagens, faço inúmeras incursões ao google para pesquisas...enfim, só não baixo músicas e filmes porque sou contra a pirataria (bem, na verdade...não sei como fazer. Se não, não sei se me importaria de fazer com que os milionários de Hollywood ficassem sem uns cobres).
Enfim, o Internetólogo disse que eu não devia me preocupar com o meu Fastio de Internet porque no fundo é o meu sistema de defesa do organismo a funcionar: ele (o tal sistema) me avisa quando devo abrandar e largar a Internet pra lá e me concentrar no mundo real. Ele até me disse que eu tenho sorte porque muitas pessoas não têm um sistema de defesa de organismo tão sofisticado e não ficam com Fastio de Internet. Pelo contrário, ficam cada vez mais viciadas e agarradas e se algum dia se virem sem um computador à frente são capazes de se deprimirem ou pior enlouquecer de vez. Yaic!
" Você realmente não tem que se preocupar. Primeiro porque, mesmo fora dos periodos de Fastio de Internet, você não é tão viciada assim: pelo que me disse você nem tem Hi5 e nem visita o site PraiaCapital! Issso sim, seria trágico... E depois porque o Fastio de Internet é uma doença benéfica. É o cérebro se desintoxicando".
Foi isso que me disse o meu Internetólogo ao invés de curar o meu Fastio de Internet.
Palhaço. Ainda teve a cara de pau de me recomendar um máximo de três posts por semana. Pode?
Whatever. I'm back in the game.