sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Fechado para (breve) Balanço

Ontem em conversa com um amigo confessamos um ao outro a vontade que às vezes dá de apagar o blog. E no Blogger isso é tão fácil. Há, numa das opções do menu, um botão onde diz "Apagar este blog?".
Vezes sem conta, já lá fui com o rato, um só click e pronto. Mas depois hesito, desisto. Lembro-me de que posso sempre ficar sem postar o tempo que quiser (embora a minha vontade de apagar o blog não tenha propriamente a ver com disponibilidade/vontade de postar). Outras vezes isto acontece com um post. Criamos o post mas depois desviamos o cursor e em vez de clicar Publicar postagem, salvamos como rascunho. Isso não me acontece muitas vezes. Geralmente, eu não me censuro (devia) e publico tudo e mais alguma coisa que escreva. Mas hoje guardei como rascunho a Parte 2 do tal balanço do ano que estava a fazer.
Vou antes fazer um balanço a este blog e pensar o que faço dele em 2007. Não, não vou clicar o "Apagar este blog". Feliz ou infelizmente, não tenho essa intenção. Ainda.
Boas Festas a todos, boas entradas em 2007.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Cabo Verde em 2006: Rewind (Parte I)

Três dias para o final de 2006. Que ano, hein? Enquanto não chega o balanço do So Pa Fla, não resisto a cair no lugar comum e fazer um balanço do ano ao país. Isto é, é um balanço de acordo com o meu sentir, a minha opinião. Por isso não estranhem certos destaques que poderão não parecer lá muito dignos de nota ( e também está um pouco a puxar por Praia, pouco sobre o resto do país). Mas se alguem quiser acrescentar algo: Flá També, nos comentários ou no Sopafla@gmail.com .

Eventos do Ano:
Steadfast Jaguar (exercícios da Nato) - as tropas estrangeiras invadiram Cabo Verde e dividiram águas. De um lado os fervorosos defensores, de outro os detractores, e ainda os indiferentes;
Copa do Mundo - a Copa é dos poucos eventos que, acontecendo num só país, mexe com todos os outros, mesmo os que não participam na competição, como foi o caso de Cabo Verde(por um triz);
Festival de Música de Santa Maria - deslumbrou pelo aparato técnico e pelo calibre dos artistas estrangeiros;
Feira Internacional de Cabo Verde - pelo menos a nível da propaganda que se fez foi um dos eventos do ano;
Festival de Música de Santa Catarina - repetiu-se a apoteose do Sal, graças ao mesmo mecenas venerado por todos, no matter what...
Mês do Cinema Documental - Foi o que nos salvou num país praticamente sem salas de cinema a funcionar. Entre o Oiá, a Mostra do Cinema Pobre e as exibições do CCF chegou a vez de Cabo Verde "descobrir" um género que desde há um par de anos tem registrado um renascimento, uma revitalização, a nível internacional.

Figuras do Ano:
José Maria Neves - primeiro, o Moranguinho reconquistou Cabo Verde, esbanjando charme durante a campanha eleitoral e conseguindo o 2º mandato para o PAI. Porém, ultimamente o nivel de popularidade deve estar a baixar, pois estamos em tempos de medidas impopulares;
Cristina Fontes - como se não bastasse a GI Jane ter comandado os exercícios da Nato, ela ainda consegue salvar a cara ao Governo quando aparece em horário nobre, armada de uma retórica imbativel, para defender o pessoal da situação;
António Correia e Silva - exemplar no seu trabalho na comissão instaladora da UniCV, destacou-se ainda mais por ter recusado descer de nível e embarcar na tentativa de polemização da sua escolha para reitor da mesma;
Abrão Vicente - goste-se ou não do rapaz, AV incendiou durante uns tempos a imprensa online e não só, alimentando acesas discussões devido às suas declarações consideradas polémicas. De resto, "N'ta mora li" continua na boca do povo;
Bloggers - sim, todos nós, comunidade blogueira caboverdiana, porque contra ventos e marés, com anónimos ou sem comentários, resistimos e mantemos activo no universo bloggístico o nome de Cabo Verde...

Fiascos do Ano:
Impugnações das Eleições Legislativas e Presidenciais - na verdade só foi um fiasco para aqueles que pediram as impugnações porque viram goradas as suas intenções. De resto, é saudável que haja quem conteste, pelos mecanismos apropriados numa democracia, aquilo que considera estar mal feito.
Apagão da Electra - este foi um anus horribilis no que toca á eletricidade. Basta dizer que há quem ainda não se tenha recuperado da falência causada pela Electra ;
Feiras do Livro - não houve este ano e quase nada se disse sobre esta ausência de peso num país ainda com tão pouca oferta de livros;
Inundações e Paludismo na Praia - este foi um ano de prova para aqueles que, como eu, amam esta cidade. Foi duro ver Praia a descer a niveis que julgávamos há muito ultrapassados. Restou-nos o consolo de que noutras àreas, noutros aspectos, a cidade evoluiu;
Arranque do acordo das ZDTIs - deu bronca, cabeças rolaram e ficou um inevitável amargo de boca e a triste sensação de que o país está a escoar-se-nos por entre os dedos...
Na Parte II: Os lançamentos do Ano (não de cds e livros), Os artistas do Ano, As máguas do ano, as modas do ano,...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Mantenha

Mando mantenha e boas festas para os que estão a acessar ao So Pa Fla apartir de:


-Los Angeles (EUA)
- Teresina (Brasil)
- Salvador (Brasil)
- Abidjan (Costa do Marfim)
- Las Llanadas (Canarias)
- Coimbra (Portugal)
- Ferreiro (Portugal)
- Sao mauro Torinese (Italia)
- Malmo (Suécia)
- Okinawa (Japão)

E todos os outros lugares.

New Blogs On The Block (1)

Para meu contentamento, 2006 foi o ano do boom da bloguesfera caboverdiana. Há novos blogs por aí, há gente a escrever Cabo Verde e o mundo pelos olhos de cabo-verdianos.
Esta semana no New Blogs On The Block: Maktub.

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade


A última da hora, reconciliei-me com o natal. Não com a parte das compras (tortura para mim que já não tenho paciência para compras durante o ano quanto mais...), do armar de àrvores, cozinhados...não. Rendi-me foi ao facto de que, afinal faz sentido aproveitar uma época do ano para exprimir por palavras e gestos simbólicos aquilo que acredito que a maioria de nós demonstrou durante o ano. Enfim, nem todos os dias dizemos aos que nos são queridos e próximos que queremos que eles sejam felizes e que as coisas lhes corram bem. Não o fazemos com palavras mas com gestos e atitudes, por vezes imperceptiveis.
Quero que este natal seja para mim também uma oportunidade de reconquistar a confiança e esperança no género humano. Uma oportunidade de ver as coisas com outras cores. Porque ainda há coisas coloridas neste mundo, não? Há sim, vejam só isto :)
A todos um feliz natal.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Contar Cabo Verde

Pouco a pouco, estou a voltar à chamada socialização. Ontem estive no lançamento dos novos contos de Fátima Benttencourt: Mar - Caminho Adubado de Esperança (uma edição do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro).
Pela primeira vez, desde há muito tempo, estive no lançamento de um livro como acho que todos os lançamentos deviam ser: com uma certa dose de informalidade, descontração e muita emoção e calor humano. Nada daquela fria informalidade e pomposidade. Gostei muito da intervenção de Vera Duarte, uma das apresentadoras, que empunhou corajosamente a bandeira do género (nestes tempos em que não fica bem defender e marcar posição pelas mulheres pois logo se é acusado de feminismo) e da análise que fez da obra.
Uma das coisas que Vera Duarte referiu, e que me prendeu a atenção, foi sobre a leitura literal que muita gente faz daquilo que lê. Isto é, é mais comum do que podemos pensar num primeiro momento, acontecer a uma pessoa ler uma obra e identificar algum personagem - ou pelos menos sentimentos e situações vividos por algum personagem - como sendo próprios do autor ( principalmente quando escritos na primeira pessoa mas não só).
É triste, mas há sim pessoas assim limitadas.
Do livro em sí não posso ainda dizer muito, porque ainda apenas lhe dei uma leve vista de olhos. Mas achei charmosa a ideia de cada conto ser precedido da letra de uma música, músicas que como os contos de Fátima Bettencourt narram a odisseia da emigração do povo caboverdiano.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Sentidos

Ouvindo. Pidrinha de Dudu Araújo. No ano passado, estava a passar uns dias no Tarrafal e, houve um dia em que adormeci com os auscultadores do radinho ao ouvindo. Madrugada a dentro, meio a dormir meio acordada, ouvi a música É Morna. Foi a primeira vez que ouvi esta música e no dia seguinte não me saía da cabeça. Achei-a lindíssima e também a voz do cantor, que não sabia quem era. Andei uns tempos absecada, tentando saber quem era o dono daquela voz (ainda passou-me pela cabeça que era o Albertino, mas algo me dizia que não era) e o autor daquela música tão bela. Só muito recentemente voltei a ouvir a música pela voz da Nancy Vieira, que também a interpreta maravilhosamente, mas ainda não estava satisfeita. E então descobri Pidrinha. E entre as simples mas deliciosas canções que formam o CD (Um Morna d'Certeza também toca em repeat) lá estava...É Morna, na voz do trovador que me inquietara naquela madrugada de há mais de um ano.
Lendo. Li, e voltei a ler, a crónica de Marilene Pereira n' A Revista. Sobre esse mal que parecia coisa distante, coisa de sociedades moderníssimas e corrompidas pela ambição e pelo materialismo exarcebado. A crónica falta de tempo.
Dei por mim a reconhecer-me em alguns traços do retrato que ela pintou do tal personagem, o Filó. Sim, eu também de vez em quando embarco nessa correria de fazer isso e mais aquilo, trabalhar, estudar, não sei que mais...e lá se vai sacrificando aquelas coisas que nos parecem pequenas, ou que pensamos que depois havemos de arranjar tempo para elas...mas às vezes já não chegamos a tempo, pois não?
Recentemente sacrifiquei um par de coisas que queria muito fazer e que sei que de certa maneira me enriqueceriam. E ficou-me um gosto amargo na alma. Tento consolar-me, pensando que há compromissos que se tem de cumprir. Não podemos simplesmente rebelar-nos e quebrar certas correntes que nos prendem, porque essas correntes são, afinal, a nossa rede de segurança e corremos o risco de ao libertarmo-nos delas por um dia, por umas horas que seja, ficarmos indeterminadamente sem a tal rede de segurança. E então? Então somos mesmo escravos. Escravos do nosso trabalho, das contas que temos que pagar no fim do mês, das notas que temos que obter nos testes...Claro que há alguns privilegiados que não tem que prestar contas a ninguem do seu tempo e podem fazer dele o que bem entender.
Mas, ainda assim, não deixa de ser verdade que às vezes podemos mesmo mandar a aula do dia à fava, esquecer o capitulo de hoje da novela e preferir antes uma boa conversa, uma exposição que amanhã já não estará lá, uma companhia que não sabemos se teremos sempre.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Round Up The Usual Suspects (12)

Tenho andado um pouco arredada da bloguesfera (na verdade, de tudo), de modo que andei em revista aos suspeitos do costume (que na verdade não são só os da lista aí ao lado) para saber do que se tem falado por aí...
No Albatroz, Filinto solta a poesia para falar do natal (será do natal que ele nos fala?), este tema cada vez mais antipático a muita gente. Eu também aderi á moda e "estou que não posso" com o natal. Bem, este natal nosso de hoje em dia...
A Rosário,escreve sobre infâncias roubadas. Eu tenho pensado muito nas infâncias de hoje em dia. Tenho pena desses meninos criados em creches e ATLs que só vêm os pais um poucochinho de manhã, na correria e gritos do sair para o trabalho, um poucochinho à noite, entre o telejornal e mais uma resma de trabalho por conluir.
Leio praticamente tudo o que há a saber sobre o assunto das licenças para as novas emissoras de televisão no Nos Media. Concordo com o Silvino. Cumprir com os requesitos mínimos não significa que de uma sentada tenha que se atribuir a licença a todos ,quando é óbvio que não temos capacidade para suportar tanto.
No Sondisantiagu, questiona-se se o popular Casa da Cultura foi censurado ( a palavra é minha, o Djinho ficou-se pelas reticências), por causa dos números do Ministério da Cultura. Será? Mas de que vale censurar o programa por nele se dizer algo que toda a gente já está careca de saber? Bom, eu vou ficar à espera que o tal programa seja reposto (já que não foi no dia em que devia). Caso não seja, realmente é caso para todos criarmos macacos, gorilas mesmo.
Eilen não deixa de ter razão: há (ou deveria haver) festivais e festivais. O conceito de festival de praia ( ou praça), tipo cervejola e grelhados, não combina com determinados géneros de música. Faz-me confusão a mistura que se faz. Percebo que ao ensanduichar Cesária entre... sei lá, Alpha Blondy e Gil, os organizadores provavelmente pretendam chegar a todos os tipos de público, querem atender a gostos diversos. Mas... realmente não resulta lá muito bem. Não que a morna e outros géneros não mereçam espetáculos de grandes dimensões. Merecem é outro tipo de ambiente e um público realmente predisposto a ouvir e apreciar. Não é ali que se vai conseguir angariar apreciadores para os géneros "nobres".
Agora...ainda assim, eu se fosse a Eilen não arredaria pé. É que eu estou, por estes dias, justamente em estado de encantamento provocado pelo Dudu Araújo. E não, não estou a falar do recente CD, Nos Cantador. Como sempre, eu ainda estou no passado, a descobrir Pidrinha. O CD é mesmo muito bom e...eureka! Tem lá a música que durante um bom tempo tirou-me o sossego.
Quem quiser saber do que estou a falar, volte para o próximo post.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Desafio

Lá tive que interromper as férias para responder ao desafio da Straw.

Cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue".
Cá vai...
1. Não gosto de cumprimentar as pessoas com beijinhos e sempre que posso evito.
2. Se sei que alguem tentou me prejudicar, falou mal de mim, ou coisas assim não consigo ficar quieta. Tenho pelo menos que fazer saber a essa pessoa (às vezes de maneira rebuscada) que eu sei o que ela fez/disse.
3.Faço listas por tudo e por nada (tarefas do dia, cinco musicas para ouvir antes de ir dormir, lugares a visitar no ano que vem, 5 manias e hábitos meus...)
4. Já que não sou muito de usar palavrões tenho a mania de usar expressões como "uma ova", "um lugar que eu cá sei" e "não sei que diga" :)
5. Não consigo andar bem na rua sem nada nas mãos. Tenho que ter qualquer coisa para agarrar.
Passo o desafio à Rosário, à Margarida, ao Kafé, ao Gafanhotu e ao Tatarana, mas deixo ao seu critério se querem responder ou não.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

E homem?

Acabei de votar aqui na Mulher Cabo-Verdiana do Ano. Lura vai à frente.
Em quem votei? Cristina Fontes, claro. La poderosa.
E a lista com os candidatos a Homem Cabo-Verdiano do Ano?

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Damien knows...


And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time


And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time

And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...My mind...my mind...'

Til I find somebody new

Sim, ele sabe. Até o timido til i find somebody new encaixa. Por isso os meus olhos, afinal, já vão se desviando... mas é cilada, e eu devia também dele desviar os meus olhos. Bu I can't, but I can't ...

Damien Rice is here again

Eu realemnte não consigo tirar os olhos dele. E devia! Meu deus,como devia!

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Outras Contas

Há uma coisa chamada Google Analytics onde podemos ver o número de pessoas que visitam o blog durante a semana, que percentagem são novos visitantes e que percentagem são retornados e por que meios chegam ao SoPaFla. Eu não tenho muita paciência para isso e raramente vou lá ver. Mas há lá uma coisa que, isso sim, desperta a minha curiosidade para não dizer estupefacção. É que há lá um mapa que nos indica onde o nosso blog é lido e eu pasmo em saber que o SoPaFla tem leitores em lugares tão diversos como Saint Petersburg, Macau, Huston (nos EUA), Caracas, num lugar do Brasil chamado Canoas, em Nabainhos (Portugal),em Malmo (Suécia), Roma, Las Palmas e num sitio chamado Nishihara (na costa da India).
Eu estou cada vez mais convencida de que aquilo não funciona bem, é só para colorir ou assim. Quem em Herzozenaurach, Tulsa ou Fagnano Olona vai se dedicar a ler este blog de uma Joana Ninguem em Praia, Cabo Verde? Há cabo-verdianos nestes sitios todos?
O contador lá em baixo diz que este blog já vai em 201.311 visitas. Acho que vou tirar o contador. Isto é tudo meio intimidante.

Fazer Novas Contas

Hoje fiz questão de apanhar o autocarro 10 para ir para o trabalho. Estranhamente, ninguem comentava a subida dos preços. Até que, com umas quantas paragens já feitas, entra uma senhora que estende 35 escudos ao motorista e este devolve-lhe os 5 escudos dizendo-lhe que se enganara. Mas a senhora faz questão de esclarecer-lhe que os preços aumentaram e que agora o bilhete custa 35 escudos. O motorista bate com a mão na testa. Tinha se esquecido disso. No entanto, diz que ainda não lhe disseram nada lá na empresa, por isso continua a cobrar 30 escudos.
Ao mesmo tempo, por todo o autocarro há uma explosão colectiva com todos a, finalmente, comentar e opinar sobre o aumento dos preços. Há um pequeno grupo que não sabia de nada disso.
"Não viram o telejornal ontem?" - pergunta uma moça que vai sentada atrás do motorista. Não, responde-lhe outra que ficou aflita com a novidade. Mais atrás, um pequeno grupo abandona a discusão sobre os preços e passa a criticar as pessoas que não vêm "as coisas que realmente interessam e só querem saber de telenovelas".
De todo o lado chegam comentários, alguns descontentes, a maioria conformista. O senhor sentado ao meu lado, vestindo uma camisola do Benfica, declara que "a culpa é nossa. Fomos nós que os pusemos lá, agora é aguentar." Uma mulher sentada mais a frente revida que "o Governo fez o que tinha a fazer e o que faria qualquer Governo que lá estivesse". Alguns protestam. A moça que não viu o telejornal e não sabia de nada, está quase em lágrimas. Diz ela que apanha quatro autocarros por dia, já com muitos sacrificios. "Mo ki n'ta fazi go?"*, pergunta ela para ninguem.
O homem da camisola do Benfica critica o povo de Cabo Verde, que é muito passivo e desunido. Que hoje ninguem devia ter entrado nos autocarros. Que se fosse noutro país aquilo daria até guerra...
Depois de algum tempo, acabou a cocofonia naquela autêntica torre de babel, e eu tentei voltar ao Guia de Cinema - Iniciação á História e Estética de Cinema. Mas, por alguma razão, não consegui me concentrar no nascimento do peplum no cinema italiano. Fechei o livro e começei a olhar para as pessoas. A moça que não sabia como fazer para pagar 35 escudos quatro vezes por dia ia com a cara fechada, duas rugas verticais entre as sobrancelhas. O senhor da camisola do benfica, sentado ao meu lado, olhava fixamente para o bilhete de autocarro que segurava com as duas mãos, como que a fazer contas.
Senti-me estranha (uma espécie de traidora infiltrada?) ao pensar que eu devia ser das poucas ali que estava a decidir deixar, de uma vez por todas, de ir para o trabalho de taxi.

*Como vou fazer agora?

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Gosto Também De...(24)


Cinema. Gosto e pronto. Como muitas outras pessoas. E, se um dia fiquei chocada quando um amigo me confessou que não gosta de cinema, de nenhum tipo de cinema, hoje compreendo que as pessoas são diferentes e que não podemos nos ofender por todos não pertencerem ao mesmo rebanho. Nem achar-nos melhor do que os outros.
As diferenças, diversidades de gosto e opiniões são tão diversas que dentro do grupo que gosta de cinema, haverá aqueles que gostam de cinema de tipo A, cinema de tipo B ou cinema de tipo C. E dentro daqueles que gostam de cinema de tipo A, haverá aqueles que gostam dos filmes do autor X e os que preferem o autor Y. A maior parte das vezes, os que preferem os filmes do tipo A estarão convencidos de que os filmes desse tipo são melhores que os filmes do tipo B. E vice-versa.
Felizmente, há quem não seja radical. Eu alinho por esse grupo, dos que preferem a diversidade, dos que não têm preconceitos e não são fundamentalistas desse ou daquele tipo de cinema. Sim, consigo ler os filmes de Chaplin para lá da òbvia hilariedade; Murnau, Eisenstein, Felinni, Kurosawa, todos são génios e eu já vi pelo menos um filme de cada um deles, o bastante para querer ver mais. Mas não embarco na história de que tudo o que vem da américa, mesmo tudo o que venha de Hollywood é mau. Não, nunca hei de trair a emoção que Adaptation, de Spike Jonze, me causou só para agradar aos que lhe torcem o nariz por ser um novato e ainda por cima vindo dos video clips; não desgostarei jamais de Apocalipse Now ou Taxi Driver para caber no fato de cinéfila intelectualóide; não renegarei Spielberg e tudo o que enriqueci com os seus filmes por ele ser milionário.
Eu prefiro acreditar que há espaço para tudo, desde que seja bom. Porque, não vamos agora meter nas nossas cabeças que tudo o que é feito fora Hollywood, fora da América, em estilo underground, é coisa boa. Veja-se o movimento Dogma: fez-se lá verdadeiras obras-primas, mas também muita "porcaria".
E, then again, até a "porcaria" tem a sua utilidade. Lembro-me, por exemplo, das 8 horas de viagem Joanesburgo/Dakar em que tentei a todo o custo ver Totsi ,mas no estado fisico e psicológico em que estava, não consegui. Mudei para o boçal A Pantera Cor de Rosa (com Steve Martin) e, naquele momento, foi uma opção acertada. Descontraí em dois tempos e quando desembarquei tinha outra disposição.
Está bem, respeito que haja quem queira sempre ver Bergmans e Godards ( por gosto, e não para conseguir uma vaga no clube dos intelectuais, dos underground, etc e tal). É uma opção a que têm direito. Agora, que respeitem também quem não queira ver estes, ou que para além destes queiram ver Peter Jackson e Nancy Meyers.
Se o objectivo é de mudar mentalidades, consciencializar as pessoas para outras linguagens de Cinema, faça-mo-lo sem agredir os outros, faça-mo-lo gradualmente, faça-mo-lo sem pretensiosismos e sem subestimar ou sobrestimar ninguem.
Falo de Cinema, mas penso da mesma maneira em relação à música, à Literatura... enfim, à vida, de um modo geral.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Sentidos

Ouvindo. Subtilmente,sentem-se as melhorias na RTC. A Rádio de Cabo Verde continua a ser quanto a mim aquela que melhor serviço presta aos ouvintes e ver que continuam apostados em melhorar é reconfortante. O jornal da manhã, por exemplo, está mais dinamico. E é ainda o único espaço público de debates politicos e socias que nos nossos meios audiovisuais. Carlos Santos e equipe estão de parabéns e espero que continuem a trabalhar para melhorar outros aspectos.
Lendo.O Guia do Cinema - Iniciação à História e Estética do Cinema (de Gaston Hausture). Muito agradável de se ler, faz uso de uma escrita leve e despretensiosa. Uma abordagem aos primórdios da sétima arte, uma viagem apaixonante pelos bastidores do cinema que nos dá a conhecer as evoluções técnicas e estéticas enquandrando-as no ambiente social que se vivia em cada época.

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Ego Amaciado

Por vaidade, e também porque o autor do texto mo pediu, publico aqui um e-mail que recebi de um dos meus mais recentes pen-friends, a propósito do meu aniversário que eu, faladeira, "escancarei" aqui no blog.

Quem não sabia teve assim oportunidade de ficar a saber que Kamia está cá neste mundo há 27 anos.
Quem, como eu, teve o seu primeiro encontro com Kamia neste seu blog e desde então a vê apenas aqui, terá ficado surpreendido.
Com tamanha frescura e graça, e tão forte vitalidade, era de crer tratar-se de uma teenager. Veja-se o à-vontade com que ela, ao abrir do seu blog, declara ser “caboverdiana irremediavelmente franca”.

Num email, Kamia tranquilizou-me dizendo : “não me relaciono com as pessoas consoante a sua cor”.
Eu sou branco, português, vivo em Portugal (e... sou um homem já de uma certa idade...).
Não há muito tempo comecei a olhar com mais atenção Cabo Verde e os caboverdianos, e a simpatia instalou-se rapidamente.
Foi ao buscar informações na Internet, acerca dessas ilhas e da sua gente, que caí, já não sei como, no blog Sopafla. Fiquei preso e tenho percorrido os posts dos anos anteriores, saboreando com admiração e prazer as intervenções de Kamia. Intervenções sempre viradas para o bem e para o bom.

Há uma quantidade enormíssima de crianças que rodeiam Kamia e que ela adoptou. Perfilhou. Serão elas a parte principal da sua descendência. São as palavras. Palavras de várias raças. Palavras crioulas, palavras portuguesas, palavras inglesas... A todas elas Kamia trata com carinho, com amor. E com elas exerce o seu talento.

Um português importante, que viveu há não sei quantos séculos, adoptou, como lema ou divisa para a sua vida, a expressão francesa “Talent de bien faire”.
Pelo que se sente na leitura das intervenções de Kamia, não há dúvidas acerca dela, não é preciso anunciar, o talento de bem-fazer vê-se nela, é uma das suas características.
Características que, sem dúvida, a teenager de 27 anos de idade continuará a possuir, intactas, ao avançar pelos 90 anos.

Fernando Marques Pinheiro

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Kusas simplis di fazi e xinti sabi es fin di simana

Screbi, screbi, screbi ti mon duen
Cozinha um prato diferenti e sabi pa familia
Ba da dos pé di badju
Ba pasia Lucky Bastard (el tem kel nomi li pamodi el cai di casa e sobrivivi) na bera mar .

Outsider

Subitamente, o Cinema regressa a Praia em força. Em Outubro, Novembro e Dezembro vamos ter um fartote de eventos cinematográficos: a mostra de documentários Oiá (que terminou no dia 29 de Outubro) ), outra mostra de documentários organizada pelo Cntro Cultural Francês que ainda está a decorrer no PCIL, no dia 23 deste mês arranca o muito aguardado evento Cinema Pobre em Cabo Verde,dinamizado por Francisco Weyl e,ainda no final deste mês,a estreia do filme co-produzido em Cabo Verde, A Ilha dos Escravos.
Compromissos vários tem-me mantido afastada dos eventos já realizados mas,estou a fazer malabarismos com a minha agenda de filha/trabalhadora/estudante/pseudo-colunista/amiga etc. & tal para ver se consigo apanhar a carruagem.Afinal,não se sabe até quando vamos ter bençãos dessas e há que aproveitar. Principlamente para ver coisas diferentes, outras linguagens cinematgráficas e ouvir falar de Cinema quem dele mais entende: aqueles que fazem acontecer o Cinema, seja ele pobre, ramediado ou rico. Que seja para todos nós uma oportunidade de enriquecer o espirito.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

27

* Aos 27, estou bem de saúde, tenho a minha querida familia, tenho trabalho, faço coisas que gosto, perdi amigos e ganhei outros, acabei um namoro relâmpago mas o coração continua in the mood for love...
* Aos 27, constacto estupefacta que o meu nome (na verdade o meu nick) aparece na mesma lista que Orlando Pantera, Mário Lúcio, Mito, Nácia Gomi, Teté Alhinho...(sem desmérito para os demais). Bem, ainda não percebi bem de que é a lista mas não consigo deixar de me sentir desconfortável. Sem falsas modéstias, quem sou eu para ombrear com gente que já tem provas dadas e tem posto o nome de Cabo Verde riba lá, como diz o outro.
* Aos 27 anos sou uma pessoa mais calma, ponderada e menos ingénua que há um ano atrás (ê auto-elogio nhas gent!).
* Aos 27, e ainda sem canudo (sim!), não me sinto nem um grama inferior aos meus colegas de geração que, felizmente, conseguiram o sucesso na hora certa e estão agora no emprego dos seus sonhos.
* Aos 27 anos, estou consciente de cada um dos meus defeitos e um deles é o Orgulho. Orgulho de que Inveja e Rancor não façam parte da minha lista de defeitos. Tenho pena das pessoas que vivem com estes sentimentos.
* Aos 27, continuo a furar a dieta e a ginástica daí que o 86-60-86 vai ficando sempre para depois :).
*Aos 27, quero muito mais para a minha vida do que apenas casamento-carreira-filhos.
*Aos 27, tenho que aguentar com perguntas... tipo esta: "Não tens vergonha de ainda não teres um filho?". A resposta, claro, foi uma gargalhada :)
*Aos 27, volta e meia dou por mim angustiada com a imensidão de coisas que ainda não sei.
*Aos 27 anos, sou o tipo de mulher que não tem pudor em assumir a idade que tem e sinto-me bem com ela (a fase da negação passou há já uns dois anos. Hum... talvez volte daqui a uns anos.).
* Aos 27 anos, amo uma boa conversa, sitios sossegados, coisas simples, gente simples. Não sinto necessidade de estar em todo lado, saltitando de evento em evento. Tenho a sorte de conviver diariamente com duas ou três pessoas incriveis, com quem aprendo sempre qualquer coisa, que apreciam a minha companhia e sobretudo que em algum momento, mesmo nos dias menos bons, me deixam feliz.
Hoje quando apagar as velas, vou fazer como as crianças e pedir um desejo. Ora...claro que não posso contar o que é : )

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

"Housisms"

Já estou quase no fim da segunda série de House. Como é habitual acontecer nas séries (a não ser que os argumentistas sejam extremamente criativos), a série entrou naquele ponto em que os episódios começam a tonar-se um tanto quanto maçadores, repetitivos até. No caso de House, as doenças e os sintomas já nos parecem quase todos os mesmos, já não temos paciência para os quase sempre previsiveis espasmos, paragens cardiacas, dificuldade em respirar e o consequente apitar e guinchar da maquinaria. Alguns dos casos que chegam ao hospital têm mesmo contornos e desfechos algo novelescos.
Mas há ainda pelo menos três razões para se continuar a acompanhar e a apreciar House:
1. A música. Cada novo episódio de House trás um punhado de boas músicas. Percebe-se que os temas não estão lá para encher os tempos mortos, isto é, o seu conteúdo encaixa harmoniosamente com o tom de cada episódio e são temas de qualidade. Elvis Costello, Bird York, Damien Rice, Korn, Amos Lee, Ryan Adams e Diana Krall são alguns dos nomes cujas músicas acompanham os episódios de House, bem como alguns clássicos como Bach e Puccini.
2. A realização. É mesmo muito boa. Cada episódio está melhor filmado que o anterior. O realizador deve ter andado a ver os filmes de David Fincher (especialemnte Fight Club). Aqueles geniais movimentos de câmara, meu deus, aqueles planos...só visto mesmo, não dá para explicar. E a montagem também está muito bem conseguida.
3. Gregory House. Sim, House continua a ser o melhor que a série que leva o seu nome tem. Que personagem! Quando se pensa que já não se pode ficar surpreendido com as suas tiradas e os traços da sua personalidade, heis que ele sai-se com algo que nos deixa de queixo caído e a rir até às lágrimas. House é irónico, cinico, megalómano, misantropo, rude, indiscreto, manipulador, enfim... um verdadeiro filho da mãe de quem não se consegue deixar de gostar. Isso mesmo, dificelmente consegue-se detestar o Dr. House. Como é possivel? Vejam a série.
Citação: Adoro o cheiro de pus pela manhã. Cheira a vitória! - Dr. House (quem mais?) -

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Caça às bruxas ou Moda passageira?

Estamos todos carecas de saber o quanto a sociedade cabo-verdiana é influenciada pelas telenovelas brasileiras. Nas rádios, as músicas que mais tocam são as da novela do momento; as roupas e os acessórios (principalemnte femininos) seguem as tendências das novelas e até os comportamentos e as atitudes acabam por ser influenciados pelos temas abordados nas novelas.
A maior parte das vezes essa influência é inofensiva, sem grandes consequências. Mas depois há coisas que podem assumir proporções assustadoras.
Sexta-feira, durante um trajecto de autocarro, ouvia a conversa de três raparigas, talvez de uns 15/16 anos. Não dava para não ouvir porque toda gente sabe como os estudantes falam nos autocarros. Bem, a conversa era sobre uma outra colega, ausente. Duas das meninas estavam a tentar convencer a terceira de que a colega ausente era...lésbica. A rapariga não queria acreditar e rebatia as "provas" que as duas lhe apresentavam. E que provas eram essas? Prova A: ela era esquesita; Prova B: ela não tinha namorado; Prova C, e para elas a decisiva: ela olhava muito para as outras meninas. A colega a quem tentavam convencer, rebateu todos os indícios, dizendo que ela era esquesita porque era tímida, não tinha namorado porque era tímida e olhava para as outras meninas porque tinha complexos com o seu corpo e estava sempre a olhar para as outras para comparar-se.
Bem, escusado será dizer que as duas acusadoras não se deram por convencidas, pelo contrário, começaram a implicar com a colega porque esta era muito amiguinha da pseudo-lésbica e estava a defendê-la demais. Nesse ponto, a menina ficou visivelmente chateada, começou a defender-se dizendo que não era tão amiga assim da acusada, que nem falava com ela há um bom tempo...
As outras duas continuaram na risota, dizendo para ela ter cuidado porque a menina de quem estavam a falar era...como o Júnior da novela (!). Depois, uma delas ainda lembrou-se de corrigir: Não, ela é mulher. É como a Clara daquela outra novela, Mulheres Apaixonadas.
A conversa continuou, e quando cheguei à minha paragem, já a única que defendia a amiga ausente, estava também convertida/convencida e juntava piadinhas e analisava comportamentos da colega para encaixá-la na sua teoria da homossexualidade. Já não defendia a amiga, defendia-se a si mesma.
Eu não pensei mais no assunto, até me lembrar de uma conversa que tinha tido há uns tempos, em que falávamos exactamente dessa nova "caça as bruxas" que silenciosamente parece estar a tomar conta de certas pessoas. E não se pense que são só os adolescentes, com cabecinhas facilmente manipuláveis pelas novelas que embarcam nesse tipo de atitude. Não, há muito bom marmanjo e marmanjas que se dedicam a esse passatempo: tentar adevinhar quem é gay e quem não é e recrutar o máximo de pessoas possível para a sua causa (confirmar a gayísse do indivíduo escolhido). No topo dos indicios da homossexualidade, para estes estudiosos da sexualidade alheia,parecem estar:
1. Mulheres que não têm namorado (más noticias para as hordas de pikenas que desesperam com a escassez de macho que tem havido por estas paragens).
2. Mulheres e homens que se atrevem a ter um(a) melhor amiga(o) e a estar muito tempo com ela(e).
3. Mulheres que dançam com outras mulheres nas discotecas (muitas usam isto para provocar os homens mas parece que o tiro lhes saiu pela culatra)
4. Homens que dançam músicas de se dançar sem par nas discotecas (parece que a probabilidade de gayíficação é maior se o ritimo for samba ou disco)
5. Homens que não cedem quando provocados por uma mulher (se tiver namorada, pode escapar do atestado de gayíficação levantando a bandeira da fidelidade, se não tiver namorada e não ceder à provocação... é gay)
6. Homens e mulheres que olham para outros homens e mulheres (se tem o mau hábito de reparar nas pessoas - como estão vestidas, calçadas, penteadas, se são mais magras ou gordas do que você, desista se não quer levar com o rótulo de homo; mulheres que consultam sites ou revistas de moda cheias de actrizes e modelos e homens que consultam sites e jornais desportivos com pernas e abdominais masculinos em evidência = gays).
7. Homens artistas
8. Homens e Mulheres ninfomaniácos (pasme-se)
Enfim, há ainda muitos itens para a lista, alguns bem bizarros, se pensarmos como os personagens de Virgem aos 40 Anos que até pela maneira de jogar playstation deduziam se a pessoa era gay ou não. O assunto tem o seu quê de engraçado, mas analisando mais seriamente, não deixa de ser triste ver pessoas tão empenhadas em descurtinar a sexualidade de cada um. Não sei que proporções essa "caça às bruxas" ou moda está a atingir, mas creio que a maior parte das pessoas têm mais que fazer do que estar a pensar se fulano gosta de rapazes e sicrana de mulheres. Imagino que é dificel para um homossexual aguentar com o preconceito e a discriminação, pior então para uma pessoa que não é gay, nem lésbica, ter que aguentar com isso. Provavelmente a melhor coisa a fazer será ignorar e continuar a viver a sua vida sem dar importância, até que os "perseguidores" se lembrem de outro assunto para se entreterem.
Vamos todos torcer para que a próxima novela não traga, sei lá...canibais. Se não a nova moda poderá ser descortinar quem anda a consumir carne humana.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Round Up The Usual Suspects (11) Dose dupla, com dupla brasileira

Domingo os brasileiros votam a segunda volta das presidenciais. Lula ou Alckmin são as opções, e eu tenho entre os meus blogs de visita obrigatória dois escribas que estão em campos opostos:
No Diário de Bordo, Pablo Vilaça, argumenta a favor de Lula e explica porque vai dar-lhe uma segunda chance.
"Finalmente com oportunidade de demonstrar seu conhecimento, o presidente Lula está dando um show ao falar sobre diversas áreas de seu governo. É incrível que algumas pessoas ainda digam que Lula é burro porque comete erros de português: desafio a maioria destas pessoas a discutir em pé de igualdade com o presidente sobre os problemas da previdência, privatizações, reforma política, etc."
Já no Kafé Roceiro, o autor não morre de amores por Lula e é óbvio que não pretende votar no petista.
"Lula se esqueceu de tudo isso! Hoje ele está do outro lado. Do lado podre da banda. Como dizia o corrupto Roberto Jefferson, “não há água límpida que entre pelo esgoto e saia límpida” Creio que é só não entrar pelo esgoto, não é? Lula foi contra todos os anseios democráticos os quais defendeu na época da ditadura."
Vamos esperar para ver o que dá. Para já as sondagens parecem estar favoráveis a Lula.

Round Up The Usual Suspects (10), com blogues convidados

Pela bloguesfera fora tenho encontrado escribas tombados de encanto pelo CD de estreia de Mayra Andrade, Navega. Aqui, aqui, ali, aquém e além, todos tecem elogios á cantora e ao seu trabalho.
"(...) enquanto escrevo este post, o dedo coça quando volto a alguma faixa de “Navega”, o disco de estréia desta caboverdeana de 21 anos, com talento e beleza suficientes para tornar-se musa instantânea."
"Lá, nos céus, está alguém a escutar esta menina: Mayra Andrade" .
"(...) este é um daqueles casos em que o melhor é não fazer ruído nenhum. Oiça-se apenas esse barulhinho bom. Sabura total!"
Do CD, eu tinha ouvido apenas duas músicas (Dimokransa e Lua). Até hoje. Hoje ouvi-o todo e depois uma outra vez. E outra. Que posso dizer que já não tenha sido dito por quem faz melhor uso das palavras do que eu? Apenas que compreendo o encanto dos Ulisses da bloguesfera pela voz desta sereia das ilhas criolas. Parece-me no entanto que o encanto não é apenas pela voz. Os outros predicados da cantora também parecem ter contribuido para rendição dos senhores. :)

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Sentidos

Ouvindo. Tenho revisatado sons do passado: êxitos dos Cabo Verde Show, da década de oitenta e inicios de noventa e a banda sonora de Hable Con Ella, de 2002, que eu considero uma das melhores de sempre -e por isso sempre a ela volto - e que para orgulho de todos nós tem lá uma música de Bau.

Lendo. Terminado Dom Casmurro, voltei-me para O Amante (Marguerite Duras) mas interrompi para devorar muito rapidamente Killing Me Softly. Não há dúvidas de que os anos nos fazem ler de maneira diferente. Antigamente, eu lia em três tempos todos os livros que me caiam nas mãos. Hoje em dia, sei que há aqueles que se pode devorar rapidamente e outros, como O Amante, que se tem que ler muito devagar. Como se estivessemos a saborear um bom vinho.

Vendo. Videos no You Tube. E assim vou matando saudades do Daily Show, um fake news que deu a conhecer alguns dos mais aclamados comediantes americanos da actualidade (como Steve Carrell, o Virgem de 40 Anos) e cuja vitima preferida costuma ser o presidente Bush. Oh, se há alguem que seja bom material para comédia é mesmo George Bush.

O Verbo de Lúcia Cardoso

Ainda não ouvi Lúcia Cardoso, mas muitos que já ouviram garantem-me que ela é dona de uma voz portentosa e que põe toda a sua alma nas suas interpreções musicais.
Para já, Lúcia ganhou a minha admiração pela humildade, inteligência e humor desarmante que deixou transparecer na sua entrevista ao A Semana online. Ainda por cima, Lúcia parece ser adepta de uma filosofia que eu sempre defendo: respeitar o pensamento e as obras dos grandes, mas reinvidicar o direito de pensar por nós mesmos e dizer o que pensamos.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Musika di Tera

Sexta-feira à noite, os praienses foram brindados com dois concertos protagonizados por mulheres. O primeiro, no Auditório Jorge Barbosa, comemorava o dia da cultura nacional pela voz de Isa Pereira. O segundo, era uma homenagem de Nancy Vieira, Ritinha Lobo, Jennifer e Jerusa a Ildo Lobo, no Tabanka Mar.
Gostei muito do concerto de Isa Pereira, intimista, pleno de entusiasmo (da intérprete e do público) e espontaneidade. Isa quis casar várias expressõs artisticas e penso que o conseguiu, sem muito aparato, antes de forma singela: no entrada do auditório estava patente uma exposição de pintura, durante o espectáculo, Isa leu um poema e Eugénio Tavares e, enquanto cantava, Manu Preto dançava alguns dos temas por trás de uma tela.
Artes plásticas, literatura, dança e música... se é verdade que a música é a bandeira da nossa cultura, Isa apresentou uma paleta de sons que incluiu desde batuku, tabanka, funaná, morna, coladeira, colá e também reggae e música brasileira.
Isa esteve bem acompanhada, destacando-se no grupo de músicos, o seu irmão Valdo (cuja interpretação da versão reggae de Fomi 47 arrancou aplausos entusiasmados da plateia, merecidamente diga-se) e, claro, Ricardo de Deus, esse talento que não para de surpreender.
Bons momentos para guardar.
No Tabanka Mar, infelizmente, Nancy Vieira e companhia não brilharam tanto quanto podiam. E a culpa não é delas - longe disso. O espaço, claramente, não suporta todo o tipo de actuações. Cheio até dizer chega, não se conseguia ouvir as artistas e os seus músicos, nas condições que o seu talento exigia. Dificuldades técnicas também, pregaram partidas ás cantoras frustrando muita gente do público.
Daquilo que consegui ouvir, Jennifer continua a maltratar a sua garganta e a subaproveitar a sua soberba voz. Jerusa parece ter jazz na alma e merece oportunidade melhor para mostrar o que vale. Não ouvi Rita Lobo.Não fiquei até ao fim, incomodada por ver maltratado o talento de Nancy Vieira - de quem sou grande admiradora e cuja interpretação de uma morna que me arrepia ( É Morna, de quem é esse tema?) me comoveu.
Ainda assim, foi bom ver tanta gente a acorrer para ouvir a nossa música, ainda que muitos dos que circulam por estes eventos vão mais para se mostrarem do que para verem e ouvirem.

Cinemania



8 femmes (Oito Mulheres). França De: François Ozon, 2002/Com: Isabelle Huppert, Catherine Deneuve, Fanny Ardant, etc.***
Oito actrizes revezam-se num cenário quase teatral para desvendar um "agathachristiesco" crime. Os números musicais são delicosos, alguns dos diálogos frenéticos e viciantes e o desempenho do elenco é um tanto desequilibrado, pois enquanto sobra talento a algumas das actrizes, falta a outras (La Deneuve, a meu ver, estava desinspirada. Isabelle Huppert é A Actriz, tenho dito).
Fragiles (Frágil).EspanhaDe: Jaume Balagueró, 2005/Com: Calista Flockhart, Richard Roxburgh, Elena Anaya, etc.*
Terror xoxo, outra vez com criancinhas a ver mortos. Ainda por cima a única das crianças que tinha algum talento foi despachada a um terço do filme e como protagonista ficou outra sem carisma. Nota positiva para os cenários interiores e a caracterização da fantasma malvadona. O resto é descartável.
Gilr With Pearl Earing (Rapariga com Brinco de Pérola).EUA De: Peter Webber, 2003/Com: Scarlett Johansson, Colin Firth, Tom Wilkinson, etc.***
Como Veermer pintou Gilr With Pearl Earing é o mote para um filme arty, cujo maior defeito é exactamente esforçar-se por mostrar que é arty. Não precisava. Fotografia irrepreensível (se não me engano é do português Eduardo Serra), fazendo cada fotograma parecer uma pintura. Colin Firth contem-se muito para não fazer sombra a Scarlett Joahnson, mas os dois estão excelentes em interpretações pouco "verbais".
Find me Guilty (Mafioso Quanto Baste).EUA De: Sidney Lumet, 2006/Com: Vin Diesel, Peter Dinklage, Ron Silver, etc.**
Vin Diesel no papel da sua vida. Parece-me que ouvi falar em nomeação para Óscar. Não é caso para tanto. A interpretação está sobrevalorizada porque Vin Diesel está num registo muito diferente do que já nos habituou (trogloditas vingativos, pouco falantes...enfim). Não quer dizer que ele não vai bem. Vai bem (a forma como o seu Dinorscio oscila entre uma extrema segurança e uma fragilidade e carencia desarmantes é digna de nota) mas não extremamente bem. Peter Dinklage, o anão, rouba a cena em todos os filmes que aparece. Só os bons o conseguem.
The Magnificent Seven (Os Sete Magnificos).EUADe: John Sturges, 1960/Com: Yul Breyner, Steve McQueen, Horst Buchholz, etc.***
A versão americana de Os Sete Samurais, do mestre Kurosawa, não destrona o original mas é uma deliciosa hora e tal diálogos marcantes, tiroteios emocionantes e o carisma de interpretes lendários como Yul Breyner (fiquei tão cativada pelo charme do careca que ando á procura de outros filmes dele - 10 Mandamentos não, obrigada) e Steve McQueen.
Caro Diario (Querido Diário).ItáliaDe: Nanni Moretti, 1994/Com: Nanni Moretti, Giulio Base, Jennifer Beals, etc.***
Este é daqueles filmes que pede segundo visionamento. Nanni Moretti é Nanni Moretti e o filme é do género falso documentário. Há, quanto a mim alguns desiquilibrios entre os três episódios em que está dividida a obra, mas o conjunto é um trabalho de realização meticuloso e muito pessoal.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Sodadi




Nos Morna
Auteur: Manuel d'Novas - Interprète: Ildo Lobo


Se bô ka crê ouvi morna
Musica rainha di nos terra
Ranca bo bai bo tcham li
Ness Cabo Verde suave e doce
Nos terra mãe


Inspiraçao di nos poeta
Princessa d'nos serenata
Na note serena di luar
Di baixe d'janela d'um cretcheu
Na tchoradinha d'um violão


Cabo Verde sem morna
Pa mi el é terra
Sem sol sem calor
Noiva sem grinalda
Vitoria sem gloria
Dum povo criston

Bêm bo dzêm bô nome
Se bô é fidj d'caboverdiano
Bêm no junta voz
No bêm canta nos morna

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

What's Hot/What's Not (2)

Hot: Novos cds de Lura e Beto Dias prestes a chegar aos escaparates. A expectativa de ver se Lura consegue manter o nível ou mesmo superar-se é grande. Quanto a Beto, só posso imaginar o dilema que terá sido escolher as músicas para o Best Of se quase tudo o que ele já fez é best.
Nesta semana em que se comemora o dia nacional da Cultura (ontem), e como que para desmentir um dos meus últimos posts, Praia está num corrupio de concertos, pois a música continua a ser a nossa consolança.
Not: A Moura Company continua a tratar o grosso da população de Praia, que recorre aos seus serviços, como animais da mais baixa condição. Com a cumplicidade da policia de transito (que eu, por diversas vezes, já vi a observar os autocarros hiper-lotados da Moura impávidos e serenos, sem bulir um músculo) a Moura tem agora nas paragens de autocarro um funcionário que se encarrega de garantir que os autocarros só partem para a próxima paragem quando já estão a rebentar pelas costuras. Nas horas de ponta o interior de um autocarro da Moura assemelha-se ao que se passava nos porões dos navios negreiros, com as pessoas coladas umas as outras, pisoteando-se, e os condutores a comportarem-se como capatazes, a quem só falta o chicote.
A Moura tem grande parte de culpa nesse cenário porque não disponibiliza mais autocarros nas suas linhas para evitar essas situações, pelo contrário faz questão de garantir uma viagem o mais desconfortável possível aos seus utentes. Á polícia cabe uma outra fatia de culpa pois nada faz para dar um fim a esta situação. Penso até que ninguem vai fazer nada de nada. Porquê? Primeiro, porque o pessoal da Moura deve estar bem cotado no mercado, gozando de excelentes relações com quem deve pôr um cobro nessa situação.
Segundo, porque quem está a sofrer na pele é o povo. Quem importa nesta terra tem o seu jeep, ou mesmo o seu starletezinho, e está-se marimbando para as condições em que a sua empregada, a sua secretária, o seu eletricista ou funcionário chega ao trabalho. No máximo, aquele espetáculo fere-lhes as vistas mas, assim que deixam de o ver, esqueçem-no.
Por fim, o grande culpado desta situação continuar é mesmo o povo, os utilizadores dos "autocarros" da Moura. Incrível o silêncio, o conformismo, o dexa bai. Alguns mandam bocas quando o aperto é tanto que mais parece que estão a ter relações íntimas com a pessoa colada a sí, ou quando o autocarro demora-se demasiado na paragem e percebem que vão chegar atrasados ao emprego. Mas a grande maioria cala-se perante a indignidade a que são sujeitos. Tenho para mim que se a empresa fosse da responsabilidade do Governo já teriamos visto no telejornal alguem a esgoelar-se, apontando o dedo e exigindo medidas.
Pois bem, o Governo que faça aquilo que está ao seu alcance fazer (creio que será pressionar a policia de trânsito a agir) e todos os que se dizem interessados no bem estar dos cidadãos praienses que mexam as suas influências e pressionem a Moura a parar de tratar pessoas como animais. Estou a pensar na Camara Municipal, na Pró-Praia e na Adeco, por exemplo.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Essas Mulheres


Essas mulheres eu as vejo quando passo. Por vezes apenas olho para elas. Outras vezes, eu as vejo.
Essas mulheres são vendedeiras. Carregam banheiras com coisas dentro,para vender por quem elas passam. Ou sentam-se junto a tabuleiros,para vender a quem por elas passa. Estão nas ruas da cidade essas mulheres. Nas esquinas, nos passeios, nas paragens de autocarro. Umas andam pela cidade, banheira na cebeça, freguesa nha cumpra. Outras deixam-se ficar, sentadas no seu lugar cativo, eternamente marcado como seu,e quedam-se silenciosas.
Banheira de lápis, cadernos, borrachas e livros, que o ano lectivo começou. Tabuleiros de drops, xuínga, mancarra e rapuçada que os meninos da escola já aí estão. Banheiras de bananas, tomates, batatas e feijão porque azágua deste ano foi boa. Tabuleiros de milho fervido, doce de coco e de azedinha porque cusas dja começa da.
Essas mulheres falam alto, riem alto. Contam ás amigas e ao mundo as suas vidas. São mães e por vezes têm os filhos ao pé, outras vezes são os filhos que tomam conta do negócio das mães, ausentes noutras tarefas .
Ás vezes passo por estas mulheres e olho para elas. Outras vezes eu as vejo.
Na paragem de autocarro a mulher vende pipocas. É hora de saída na escola mais próxima e as crianças fazem fila junto à máquina de pipocas doce. Riem, falam alto, acotovelam-se,felizes. A mulher enche os saquinhos de pipoca doce e tem na face uma expressão salgada. Está cansada de mais um dia de calor, numa rua da cidade, à espera que quem passe leve um saquinho de pipocas para que ela possa levar o jantar aos filhos.
*Imagem: tela de Djon Brito.

Sobre Silêncios

Estes dias, com o regresso do Lantuna, o silêncio tem estado na ordem do dia. Certos silêncios.
A mim insistem em me perguntar pelo meu silêncio acerca da viagem que efectuei, há coisa de três meses, a Moçambique, para participar da Bienal dos Jovens Criadores da CPLP. Há quem inclusive pense que seja quase um despropósito eu ter ido participar justamente na área de Literatura e não ter produzido um único texto sobre o que vi e vivi naqueles 10 dias da Bienal.
A verdade é que escrevi sim, sobre a minha experiência em Moçambique. Escrevi enquanto a vivia, no meu diário, e escrevi depois de regressar. Confesso que cheguei a esboçar um texto para ser publicado em algum jornal ou revista e vários posts aqui para o blog. No fim, sempre um sentimento de insatisfação. Havia qualquer coisa que me deixava um margo de boca ao re-ler os textos sobre Moçambique e adiar a sua publicação. Depois percebi o que era. Estavam imcompletos. Em todos eles faltavam "capitulos" á história e eu não me sentia bem com isso. Não me sentia bem comigo mesma de ocultar certas passagens, certos factos, dourar a pilula aqui, contar só metade de um acontecimento ali, apontar o dedo só a aqueles e calar-me sobre estes.
Por fim, escrevi um texto que considerei completo e que me satisfez. No entanto, prefiro guardá-lo para mim.
Mas, talvez, agora que já escrevi sobre o todo possa dele tirar partes. Porque há coisas que escrevemos só para nós e guardamo-las. E talvez um dia, quando for preciso completar o puzzle, contar a história toda, então podemor ir à gaveta buscar a história completa e dá-la aconhecer a quem dela quiser saber.

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Opening credits from the film Kiss Kiss Bang Bang

Se houvesse Óscar© para Melhor Abertura de Filme...

Cinemania

(Da série: Diálogos Preferidos)
Chico: Villages like this they make up a song about every big thing that happens. Sing them for years.
Chris Adams: You think it's worth it?
Chico: Don't you?
Chris Adams: It's only a matter of knowing how to shoot a gun. Nothing big about that.
Chico: Hey. How can you talk like this? Your gun has got you everything you have. Isn't that true? Hmm? Well, isn't that true?
Vin: Yeah, sure. Everything. After awhile you can call bartenders and faro dealers by their first name - maybe two hundred of 'em! Rented rooms you live in - five hundred! Meals you eat in hash houses - a thousand! Home - none! Wife - none! Kids... none! Prospects - zero. Suppose I left anything out?
Chris Adams: Yeah. Places you're tied down to - none. People with a hold on you - none. Men you step aside for - none.
Lee: Insults swallowed - none. Enemies - none.
Chris Adams: No enemies?
Lee: Alive.
Chico: Well. This is the kind of arithmetic I like.
Chris Adams: Yeah. So did I at your age.
* Horst Buchholz (Chico), Youl Breynner(Chris), Steve McQueen (Vin) e Robert Vaughn (Lee) em Os Sete Magníficos (1960).
Repeti a cena deste diálogo nem sei quantas vezes. As expressões de Chris e Vin...a entoação de Lee naquele "alive"...e principalmente toda a descontrução desse personagem tão simbólico que é o cowboy americano.

Back for Good

Logotipo do Sopafla. Cortesia do Daniel Cardoso.
(Thanks man)
(Update.)
De volta às lides com novos links no Ta Flam Algum Kusa e..."censura" nos comentários. Depois de alguma reflexão cheguei à conclusão de que era o melhor a fazer. Hoje mais do que nunca, as caixas de comentários sem moderação são território de certas espécies virtuais com as quais não me apetece ter contacto. Por tabela apanham aqueles anónimos que não o são (não têm um blog, mas assinam o seu nome) e aqueles que mesmo o sendo comportam-se com dignidade, mas visto que continuo a não ser adepta de trocar ideias com desconhecidos...
No fim, fico satisfeita de pelo menos dar corte àqueles que têm blog mas vão comentar anonimante no blog dos outros (shame on you!). Não vou salvar a bloguesfera, o número de comentadores vai diminuir drasticamente mas estou convencida de que não me vou arrepender.
Ainda assim, o SoPaFla (g) mail está activo e aberto a quem quiser entrar em contacto.
(What's Hot, What's Not)
Hot: O anunciado regresso de Casa da Cultura na TCV. AV is back e já-já nos tudu nu ta mora li. Alguem me disse que se Cabo Verde tivesse Ibope Casa da Cultura estária no topo, no dia da estreia. Está podendo!
Not: O deserto cultural que Praia atravessa: nada de Cinema, nada de teatro, nada de exposições, nada de cafés literários e noites de poesia, nada de concertos (se exceptuarmos pequenas actuações em alguns espaços nocturnos)...

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Round Up The Usual Suspects (9)

(...)o Governo acaba de anunciar a ideia de reforma administrativa do país, sob a panaceia da Regionalização. Talvez coubesse, agora como nunca, debater o Estatuto Especial – e já agora os custos da capitalidade – à luz da Regionalização.(...)
Eu quero acreditar que também se vai debater os moldes da Regionalização, isto é, o Governo não vai de sí para sí decidir o modelo de divisão administrativa, sem ouvir nem ter em conta a posição de mais ninguem?!?

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

OVNI VII

Olhos postos no Brasil

O Brasil vai a votos naquele que será um dos domingos mais quentes do país tropical. Depois da ausencia de Lula do debate que encerrou a campanha eleitoral - e onde estiveram presentes todos os outros candidatos - qual será o veredito do povo brasileiro?
Vamos esperar para ver.

Gosto Também De...(23)

Dr. House and crew in tha house!

Eu ia continuar a ver a segunda série de 24, que interrompi,mas cada vez mais sentia vontade de ver House. E quando no domingo passado, no cumprimento do meu papel de tia, passei alguns minutos a ver com o meu sobrinho o filme Stuart Little, e vi lá o Dr. House em pessoa (isto é, o actor Hugh Laurie), num papel tão radicalmente diferente daquele que desempenha na série....tomei a decisão. E estou satisfeita. Do que já vi (e já estou lançada, preparando até uma maratona de fds), gostei. Muito.

House é uma série que aborda de forma inovadora o já familiar modelo de drama hospitalar. O personagem-titulo é um peculiar médico, algo anti-social, que não confia em ninguem (e por isso recusa-se a falar com os seus pacientes), sarcástico e controverso mas também dotado de um instinto formidável de diagnosticar doenças e patologias raríssimas. Um personagem e tanto. Tinhas razão em dizer que eu ia gostar dele.

Não pude deixar de pensar que nós aqui temos médicos que nem um ataque de coração conseguem diagnosticar, quanto mais aquelas doenças complicadíssimas de House...

House é uma criação de David Shore (Causa Justa, Law and Order) e conta na produção, para além deste, Bryan Singer (Usual Suspects, X-Men, Superman), que realizou o fabuloso episódio piloto, onde dá um show de movimentos de camera.

Citação: Ninguem morre com dignidade. Pode-se viver com dignidade. Mas morrer com dignidade? Não existe tal coisa.

- Dr. House -


quinta-feira, 28 de setembro de 2006

A "REVOLTA" DOS MÚSICOS


Parece que os músicos (falo dos instrumentistas) de Cabo Verde resolveram dar um basta naquilo que consideram ser a sua marginalização e assumir o protagonismo que acham que merecem.
Há muito que tenho ouvido certos desabafos que levam a crer que os músicos das ilhas acham-se subvalorizados relativamente aos cantores ou mesmo em relação a outros músicos, cuja glorificação pelos media nacionais e internacionais e pelo povo cabo-verdiano (por vezes imerecida) os deixa com uma certa - não vou dizer inveja para não entristecer ninguem - sensação de que eles são esquecidos.
Terão razão? Sim, até certo ponto, é um facto que muitos dos artistas hoje tão bem sucedidos contaram e contam com o excelente trabalho desempenhado por alguns destes músicos, sem os quais as suas carreiras poderiam ter evoluido de forma diferente. Na hora de elogiar este ou aquele cantor raramente os músicos que os acompanham recebem o destaque que muitas vezes o seu trabalho merece.
Quanto a mim, há dois aspectos a reter:
1. Que os músicos terão que se conformar, porque em todo o lado é assim: sendo eles o suporte de um cantor/cantora estarão sempre num segundo patamar relativamente a este por melhores que sejam. Vejam os U2, o grupo que acompanha Diana Krall,sei lá... o grupo da nossa Cesária...todos têm excelentes músicos instrumentistas mas quem canta, quem fica á frente no palco é que atrai os holofotes. Eles são os leading man ou ladies. Será sempre Cesária e o seu grupo e não Cesária e fulano e beltrano e sicrano...
2. Que se quiserem que o seu trabalho seja mais reconhecido pelas massas e maior projecção nos media terão que seguir as pisadas de Bau (que me parece que foi dos primeiros músicos cabo-verdeanos a lançar-se a solo e não se deu nada mal), e mais recentemente Djinho Barbosa e Kim Alves que resolveram por em destaque os seus excelentes dotes com "Trás di Som" e "Danças das Ilhas".
Outra mágoa dos músicos parece ter a ver com o modo como se fala de música em Cabo Verde e quem fala de música. O Multime(r)dia é um dos que tem posto o dedo nesta ferida e, através deste blog e outros, tenho acompanhado os desabafos de alguns músicos quanto a esta questão. Eles parecem estar algo desapontados (para não dizer furiosos) com a forma como certa comunicação social fala (ou não fala) de música, dos músicos, dos concertos e tudo o que esteja relacionado. Querem que os jornalistas tenham maior domínio histórico e técnico sobre o assunto. Parece-me justo. Mas não concordo quando se parte para a generalização e se põe todos (neste caso jornalistas) no mesmo "saco".
Agora, alguns deles radicalizam e parecem querer estender esta exigência ao comum ouvinte de musica. Sim, já tenho lido e ouvido por aí alguns comentários de músicos manifestando o seu descontentamento, e até desprezo, por quem não saiba o que raio é um sí menor ou ritimo sincopado, ou sei lá o quê, se atrever a falar de música. Bem, isso seria o mesmo que exigir a quem não seja político a não falar de política, quem não for cineasta a não falar de cinema, quem não for jornalista a não falar de jornalismo e assim por diante...
O que quero dizer é que todos nós temos as nossas sensibilidades e temos o direito de as exprimir. Claro que quem nunca na vida ouviu Wagner não pode estar por aí a dizer que a sua obra é a dramatização perfeita da música. Mas aquele que ouviu, tem todo o direito de exprimir as emoções que lhe despertou sem ser obrigado a identificar as notas, os ritimos, harmonia, etc. A isso chama-se opinião de leigo. E todos temos direito a ela.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Apontamentos

1. António Mascarenhas Monteiro voltou atrás e, perante reservas de certas potências com interesses em Timor-Leste à sua nomeação, declinou o convite para ser o representante da ONU naquele território.
Especula-se que ele referia-se à Austrália que, é certo, tem mantido para com Timor uma atitude quase que de nova potência colonizadora.
A imprensa portuguesa - pelo menos as edições online - quase que não se referiu nem à nomeação, nem à recusa de Mascarenhas Monteiro. Excepção feita a alguns poucos, entre eles o Jornal de Noticias , jornais e televisões importantes nem uma linha escreveram sobre o assunto. Inclusive no Expresso, que tem uma secção especialmente dedicada a África Lusófona, a última notícia refrente a Cabo Verde data de Junho. A Sic online preferiu destacar um artigo sobre o festival de Santa Maria onde, entre outras coisas, a escriba conclui que "A música ali tem outro sabor, como se mais nada chegasse àquelas gentes de Santa Maria. E a verdade, é que deve ser mesmo assim...." .

2. Aproximamo-nos do final de 2006 e as autárquicas de 2008 já mexem. Pela troca de palavras entre Felisberto Vieira e Ulisses Correia e Silva na comunicação social, adivinha-se que os dois pretendem candidatar-se á Camara da Praia.
Ulisses Correia e Silva só aparece quando o "circo está a pegar fogo" e é quase com satisfação que aponta as queimadas.
Agora, a estratégia adoptada por Felisberto Vieira e José Maria Neves, de rebater as críticas pela situação de Praia citando algumas das obras feitas, é fraca. Mesmo porque algumas das obras citadas são do Governo e não da Câmara Municipal. Até parece que estão a dizer que vai dar tudo ao mesmo.
De qualquer maneira, não há porque deitarmo-nos à sombra do que já se fez quando ainda há mais que fazer.

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Cinemania


Elizabethtown (Tudo Acontece em Elizabethtown). De: Cameron Crowe,2005/ Com: Orlando Bloom, Kirseten Dunst, Susan Sarandon, etc.***
Cameron Crowe é um exímio contador de histórias. No que, por vezes, falha é na escolha dos protagonistas a quem entregar as suas histórias. Em Elizabethtown falhou ao escolher Orlando Bloom. Falhou também ao deixar o filme perder gás a meio para só recuperá-lo na recta final. Como sempre, notável banda sonora.

Mare Dentro (Mar Adentro). De: Alejandro Amenábar,2004/Com: Javier Barden, Belém Rueda, Lola Dueñas, etc. ****
Alejandro Amenábar constrói em Mar Adentro um daqueles filmes para um actor levar às costas. Mas a surpresa deste é que se Javier Barden está irreprensível no papel de Ramón está também secundado por um elenco admirável e músicas que são quase que também elas personagens.

Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest (Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto). De: Gore Verbinski, 2006/Com: Johnny Depp, Orlando Bloom, Keira Knightley,etc. ***
Quando se iniciou, há alguns anos, a moda das sequelas (a continuação de um filme) verificou-se que a maioria perdia qualidade face ao seu original. Este segundo Piratas das Caraíbas já não trás o factor surpresa do primeiro e isso poderia ser prejudicial - em certos aspectos é mesmo - mas no essencial mantem-se intacto o charme do filme. É, declaradamente, um filme para entreter e felizmente que o faz com alguma classe porque muitos são os filmes que se aproveitam dessa caracteristica para resvalarem para a mediocridade.

The da Vinci Code (O Código da Vinci). De: Ron Howard/ Com:Tom Hanks, Audrey Tautou, Paul Bertany, Ian Makellem, etc. **
Fui injusta, quando da outra vez analisei o filme sem sequer te-lo visto como deve ser. Desta vez, vi-o do inicio ao fim sem interrupções e consegui abster-me quase totalmente do livro que originou este filme. O filme continua a não ser grande coisa (há lá muitas coisas mal explicadas, o desempenho do elenco é pobre, a fotografia e a montagem idem,etc) mas tem lá uma ou duas boas ideias (os efeitos especiais para sublinhar certas passagens, algumas das soluções para encurtar a narrativa) e tem Paul Bettany, um Silas que merecia estar num outro filme.

Kombersu na Kasa Bela

A FORMA.
No mais novo espaço nocturno da nossa capital - Kasa Bela - lançou-se uma ideia que se espera que venha a vingar e perdurar. As quintas-feiras são dias de tertúlia ou, como preferimos denominá-lo no nosso criolo, de kombersu. Alguem propõe de antemão um tema, passa-se a palavra e quinta-feira aparecem na Kasa Bela os interessados em debater o tema. Já se tem debatido sobre a relação Noite/Criatividade,Sexualidade Feminina e, na última quinta, falou-se sobre a Bloguesfera Cabo-verdeana.
César Schofield e Baluca Brazão são os mentores dessa ideia a que, felizmente, muitos têm aderido. Parece-me que se está a criar ali um espaço onde todos se podem expressar livremente e trocar ideias, independentemente de serem ou não da mesma cor politica, simpatizarem ou não uns com os outros ou até mesmo de concordarem ou não sobre determinadas questões. O importante é o diálogo que, se não chega para causar "revoluções" na nossa sociedade, pelo menos já deixa em cada um que lá vai muito sobre o que reflectir e mesmo ideias e conceitos que pode passar adiante.
O CONTEÚDO.
Dizia eu que, na última quinta, o tema proposto tinha sido "Blogs Cabo-Verdeanos: até que ponto são influenciados pelo meio?". Como autora da proposta, a minha ideia era percebermos como é que o facto de estarmos em Cabo Verde se reflectia nos nossos blogs. Indo, claro, para além do mais òbvio: os temas dos nossos posts. Refiro-me por exemplo, à escolha da lingua (há blogs escritos em criolo e outros que frequentemente fazem uso dele) ou à outo-censura (a velha queixa de que estamos num meio pequeno por isso não podermos expor-nos e às nossas ideias).
Bem, no Kombersu de quinta passada, mais uma vez fugiu-se alegre e sistematicamente ao tema e falou-se de tudo e mais alguma coisa (abro um parentesis para referir que, apesar de se querer manter o debate informal, talvez seja mesmo necessária a presença de um moderador porque, não obstante todos os temas serem interessantes de serem debatidos, não faz sentido propor um tema, se quando se chega lá começa-se a debater outros que fogem muito ao tema central. Parece-me que há já uma agenda aberta para todos os que quiserem proporem os seus temas).
Mesmo assim foi um kombersu que valeu a pena (cada vez mais admiro as pessoas que conseguem falar fluentemente, falar com conteúdo, ordenando e expressando o seu raciocinio e sem timidez. Tenho que aprender isso, escrever só não basta...). Por exemplo, foi interessante a reacção quando propus uma análise ao anonimato na bloguesfera. Foi quase unânime a rejeição do tema que, confesso, foi uma provocação. Não pude deixar de pensar que alguns dos que tão prontamente vetaram o assunto tinham o "rabo preso", isto é, incorreram ou incorrem no doce pecado dos comentários anónimos. Enfim...
Uma das conclusões a que parece-me que chegamos é de que o crescimento da bloguesfera cabo-verdeana é um fenómeno imparável. Os blogs estão aí e estão para continuar. No entanto é mister estarmos conscientes das nossas responsabilidades e usarmos com seriedade e honestidade a liberdade que esta ferramenta nos concede.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Praia Maria

Todos que lêm este blog há algum tempo sabem que ele é um autêntico muro das lamentações onde, entre outras coisas, desabafo sobre os desgostos que esta nossa cidade da Praia vai me dando.Sim, todos nós, por mais que amamos Praia - e talvez por isso mesmo - volta e meia desabafamos o nosso desgosto pelas coisas que (não) se passam nesta cidade, atribuindo culpas a uns e outros. Por estes dias então... parece que Praia tem vivido as suas horas mais negras (cortes de energia, inundação das vias públicas, paludismo...) e tem chovido comentários negativos a cerca da nossa capital.
Confesso-vos que estou triste. Não que não reconheça verdade nas queixas, mas dói ver a nossa cidade nesta situação e dói ver todos a calcar as feridas. É aquela coisa: tu até falas mal, mas ver outros a falar mal, mexe contigo. Pior ainda se for gente de fora. Por mais razão que tenham, não queres ouvir gente de fora falar mal da tua Cidade. É como se criticasses o teu namorado. Tu podes mandar umas bocas, porque é teu. Agora, vir gente de fora apontar-te os seus defeitos...
Para mimar um pouco a nossa cidade capital - que tem os seus dark sides mas que é também uma bela cidade - deixo aqui a minha homenagem. Em tempo de escolher as novas sete maravilhas do mundo, eu aqui deixo, em jeito de homenagem à nossa Praia Maria, aquelas que eu considero serem as suas sete maravilhas:
AS SETE MARAVILHAS DE PRAIA

Farol e Seminário
Vista da Avenida Marginal
Mercado da Praia (interior)
Edifício da Assembleia Nacional
Palácio da Cultura (maravilha subaproveitada)
Praia da Gambôa (não para banhos)
Djeu ( em vias de "extinção")
E ainda há outras maravilhas escondidas por aí...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Gosto Também De...(22)

Mendes Brothers. Eles agora só produzem outros artistas? Já não cantam?
Pena...

Das Séries

No outro dia confessava a minha paixão por Lost. Foi amor à primeira vista e mal possso esperar para que se inicie a terceira temporada (em Outubro, nos EUA).
É um facto que prefiro Cinema a TV, um bom filme a uma série, mas sempre apreciei uma boa série. E tenho cá para mim que a nossa televisão já prestou melhor serviço neste capítulo. Antigamente tinhamos direito a boas séries, mais do que uma por semana até. É verdade que muitas vezes ficávamos sem saber o final das séries, porque a TVEC ou TNCV (hoje TCV) interrompia as transmissões das mesmas, ou por já não ter mais cassetes ou por preferir dar outra coisa qualquer.
Pessoal aí da casa dos vinte e tais para cima, lembram-se de Twin Peaks? Eu era fascinada por essa famosa série de David Linch. Tinha o quê? Uns dez/onze anos e tinha também um medo daquela atmosfera toda, do Terceiro Homem... mas quem disse que eu deixava de ver? Todas as sextas (passava às sextas, não era?) lá estava eu, tentando perceber os mistérios daquela trama.
E quem é que não gostava de MacGyver? As aventuras do rapaz dos gadjects faziam a familia toda reunir-se frente à TV. Eu, os meus irmão e primos vibravamos a valer com as correrias, explosões e fugas impossíveis do irreverente agente secreto.
Lembram-se de Pássaros Feridos? Uma em que um padre apaixonava-se por uma rapariga que ainda por cima era muito mais nova e até tinha com ela um filho? A certa altura cortaram a série e toda gente disse que tinha sido dedinho da igreja católica (mais tarde repetiram e deram até ao fim). O mesmo aconteceu com a série As Trevas Cobriram a Terra, que era sobre a inquisição e só vimos dois episódios. Sumiu do ar sem qualquer explicação.
Havia também A Praia da China sobre enfermeiros americanos no Vietname; As Teias da Lei sobre as agruras e felicidades da vida numa firma de advogados;O Justiceiro que tinha aquele carro incrivel que ainda por cima falava; as mais antigas e novelescas Dallas e Dinastia (em vias de virarem filmes, dizem) com aquelas familias ricaças e dois dos maiores vilões da história da Tv americana: JR em Dallas (Larry Hagman) e Alexis (Joan Collins) em Dinastia. Por outro lado, detestava Alf (sobre um extraterrestre peludo que abusava da paciência de uma familia que o acolhia). Depois, já nos anos noventa, fez sucesso Marés Vivas (Baywatch) , mesmo que por cá os rapazes não tenham tido a chance de ver os episódios com a Pamela Anderson.
Mas de todas as séries do passado, as minhas preferidas sem sombras de dúvida eram Missão: Impossível e O Polvo. Eu tinha verdadeira paixão por Missão Impossivel e, todos os domingos, aguardava ansiosa a hora de ver o novo episódio (que muitas vezes não era novo, pois volta e meia repetia-se os episódios passados, mas eu não me importava). Grant, o único negro do grupo dos espiões, era o meu favorito. Admirava tanto as suas habilidades, que depois nas minhas brincadeiras tentava imitar os seus dotes de "engenhocas". Para mim a série era perfeita, com excelente combinação de acção, drama, humor (só não tinha muito romance), um elenco carismático, histórias bem conseguidas e aquela música de abertura...até hoje não sinto um grama de afeição pelos filmes de Tom Cruise (que não têm nada a ver) da que tinha por esta série.
O Polvo, excelente série italiana sobre a Cosa Nostra, até hoje me deixa saudades. Eu chorei quando mataram o comissário Catani e também sofri de verdade quando David (o seu substituto, por quem eu tinha uma paixão platónica) morreu devido a uma bala que tinha alojada na cabeça. Percebem que a minha queda por coisas italianas vem de longe?
Os anos passaram e outros canais de TV e o DVD trouxeram outras séries. Guardo especial carinho por Aly Mcbeal, Ficheiros Secretos, O Sexo e a Cidade, Friends, Seinfield, Serviço de Urgencias, as delirantes A Empresa e Scrubs: médicos e estagiários e as britcoms. Mais recentemente, cativaram-me Sopranos, Sete Palmos de Terra, Irmãos de Armas, Roswell, Alias: A Vingadora, CSI: Las Vegas, 24, Donas de Casa Desesperadas e claro, Lost.
O futuro? Já ouvi que Prison Breack é mais ou menos, que Gray Anatomy é muito bom mas o que eu quero mesmo ver é House. Pela descrição do personagem-titulo tenho um feeling de que vou gostar muito.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Ainda os mails dos amigos

Vi-te na Revista. Sempre de cara feia para a foto. Ainda não gostas de ser fotografada?
Outra coisa: prepara-te. Agora tens uma certa notariedade. Já sabes que isso quer dizer que vai começar a aparecer gente com fastio de ti, a chamar-te nomes e a dizer quem é essa agora? Pior: algumas destas pessoas poderão ser pessoas que antes gostavam de ti.

Isto é o excerto de um mail que recebi de um amigo meu. Ainda não lhe respondi porque ainda estou a pensar em que resposta isto merece.
Exagero. É tudo um exagero. Notariedade?! Bah! E também não posso crer que haja gente que deteste outra por tão pouco. Principalmente se antes gostavam.
De qualquer maneira eu concordei com aquela famosa afirmação de Abrão Vicente, não concordei? Isto quando a polémica já rolava solta. Daí pode-se concluir que eu não tenho medo que me detestem. Se tivesse, este seria um blog bem-comportado e politicamente correcto.

Expiação II

Este post já vai muito atrasado. Depois do post Dardos Venenosos, recebi mensagens de alguns amigos que não ficaram contentes com o comentário sobre o uso do Hi5 e Orkut.
Bem, começo por dizer o que eu escrevi estava entre aspas. Era uma citação que encontrei num blog que costumo visitar. Anyway, percebo que possa ter ofendido estes meus amigos, e todos que usam Hi5 e coisas do tipo, por dizer que é mais ou menos assim que penso destas ferramentas.
Continuo a achar que na maior parte das vezes não passa de um tremendo exercício de narcisismo e engate fácil (e fútil). Na maior parte das vezes. Não sempre.
Para concluir a minha "defesa", repito: havia lua cheia e eu estava mázinha.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Barragem de Poilon




Barragem do Poilon, no interior de Santiago, concelho de Santa Cruz.

* As fotos são do Gafanhotu.